O primeiro-ministro recusou, esta sexta-feira, o quadro de subdesenvolvimento das políticas públicas traçado pela oposição e qualquer situação de anormalidade na área da saúde, mas não escapou às acusações de estar a contar a "história da carochinha".
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"Em matéria de saúde não vivemos nenhuma situação de anormalidade, embora por vezes se note o esforço de deputados da oposição para dar a entender o contrário", afirmou o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, no debate quinzenal no Parlamento.
Respondendo às críticas e acusações deixadas pela deputada do partido ecologista Os Verdes Heloísa Apolónia, que abriu o debate, Passos Coelho reconheceu o "esforço" da oposição para criar um quadro que corresponda a um estado de subdesenvolvimento das políticas públicas, mas assegurou que tal não corresponde de facto à realidade.
Nas áreas da saúde e educação, continuou, "não existe nenhum subdesenvolvimento".
"O excesso retórico e político que quis trazer à discussão parlamentar não casa com a realidade", afirmou Passos Coelho, dirigindo-se à deputada do partidos Os Verdes, recordando depois dados que apontam para o aumento das cirurgias, das consultas externas dadas em hospitais e das consultas de enfermagem ao domicílio durante o ano de 2013.
Reconhecendo que o país tem enfrentado "restrições muito importantes", Passos Coelho assegurou que o Governo tem tentado responder da forma mais equilibrada possível, protegendo as políticas mais relevantes do ponto de vista social, nomeadamente na área da saúde e da segurança social, protegendo os que têm menos recurso e que são as "vítimas mais fortes da crise económica".
Primeiro-ministro vive "no mundo da lua"
Na resposta, a deputada Heloísa Apolónia disse ser "desconcertante" perceber que o discurso do primeiro-ministro "não corresponde em nada à realidade" e acusou Passos Coelho de "querer contar a história da carochinha ao país".
"Mas, o que o país percebe é que o primeiro-ministro vive no mundo da lua e vivendo no mundo da lua não consegue promover políticas que se adequem à terra", acrescentou.
Antes a deputada do partido ecologista Os Verdes tinha falado em "diagnósticos e tratamentos oncológicos que estão a falhar pondo em causa a vida das pessoas", urgências "entupidas" com mais de 12 horas de espera e doentes em macas durante dias nos corredores.
"Há pessoas a morrer devido a estas situações", disse, fazendo ainda alusão à situação na educação, com 4 em cada 10 estudantes a não seguirem o ensino superior por falta de recursos e no "corte monstruoso" nas bolsas de doutoramento.
"O país está a deixar de funcionar devido a estas políticas absolutamente incompetentes e desastrosas", frisou, repudiando o facto de ninguém querer assumir responsabilidades, com o Governo a 'atirar as culpas' para a troika e a troika a dizer que as decisões são do Governo.
Heloísa Apolónia questionou ainda o primeiro-ministro sobre se o Governo está ou não a preparar um programa cautelar, mas Passos Coelho não respondeu, limitando-se a dizer que já foi "muito claro" sobre essa matéria.