Presidente do PSD admitiu hoje, sexta-feira, que a proposta social-democrata de revisão constitucional pode ter um preço político para o partido, mas afirmou não estar preocupado com sondagens nem haver razão para recuos.
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Questionado pelos jornalistas, em Beja, sobre se a proposta do PSD de revisão da Constituição pode ter um preço político para o partido, Pedro Passos Coelho respondeu: "Com certeza que sim".
"Mas tenho dito, desde o início, que não estou a olhar para aquilo que tenho de fazer com a preocupação das sondagens", lembrou, referindo que "a discussão sobre a reforma que precisamos de fazer do Estado e do nosso Estado Social pode ser incómoda, mas não é artificial".
"É uma discussão que envolve uma situação real que temos de olhar de frente e é muito importante que o PS diga o que pensa, porque não podemos, em Portugal, passar os próximos 10 ou 15 anos como passámos os últimos", defendeu.
Ou seja, "a endividarmo-nos, a aumentar os impostos, a ser olhados pelo exterior com maior desconfiança, a ter os portugueses cada vez com menos possibilidade de realizar poupanças e de investir no seu futuro, porque o Estado consome os recursos cada vez menores que temos".
Segundo Pedro Passos Coelho, "muitas vozes se levantaram preocupadas com o alcance que o PSD queria dar à revisão constitucional" e "seria mais fácil" para o partido "não tocar nesta matéria".
"Mas era mais difícil fazer reformas importantes para Portugal nos próximos anos sem este debate", disse, explicando que o que o PSD quer "pôr em discussão, no essencial, é o modelo económico e social, que, até aqui, na Constituição, mais parece um programa de Governo do que uma regra de entendimento para os governos futuros e para todos os portugueses".
"Espero sinceramente que, nessa matéria, não haja nenhum recuo da parte do PSD, porque não há razão para haver recuo", afirmou, insistindo que o PSD quer "reformar o Estado Social para futuro, sob pena de ficar condenado como está hoje a ficar".
Através da discussão, que considerou "importante", "o PSD não quer ajudar apenas o país a sair desta pequena crise. Quer evitar que o país viva em crise permanente e em dificuldade financeiras permanentes para os próximos 15 anos".