Passos Coelho diz que privatização da EDP não envolveu "consideração de carácter geopolítico"
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou, esta sexta-feira, que a privatização da EDP não envolveu nenhuma "consideração de carácter geopolítico", mas sustentou que o facto de a empresa vencedora ser chinesa "pode trazer mais oportunidades para Portugal".
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Durante o debate quinzenal no Parlamento, em resposta a questões colocadas pelo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, Passos Coelho considerou que a venda do capital do Estado na EDP à empresa Three Gorges foi uma operação "absolutamente transparente" e concluída "com inequívoco sucesso", reclamando que "Portugal começou bem o seu processo de privatizações".
"Espero que também seja um sucesso reconhecido politicamente no país", observou.
O primeiro-ministro assinalou o facto de a privatização da EDP ter sido decidida por "todo o Conselho de Ministros" e afirmou que o critério seguido se cingiu "ao mérito das propostas em face das exigências do caderno de encargos", ou seja, "não envolveu nenhuma outra consideração de carácter geopolítico".
Passos Coelho acrescentou que "não se escolheu a empresa chinesa porque era da China, não se excluiu a empresa brasileira porque era do Brasil, não se deixou de lado a proposta de uma empresa alemã porque era da Alemanha", reforçando que a decisão foi tomada em função do "mérito das propostas" e "sem nenhum outro constrangimento".
O primeiro-ministro referiu, em seguida, que alguns deputados deverão recordar-se "de constrangimentos que foram tentados por via do eco da comunicação social sobre qualquer decisão que o Governo viesse a tomar".
No entanto, não deixou de sustentar que o facto de a proposta vencedora ter sido de uma empresa chinesa "pode trazer mais oportunidades para Portugal", porque a China "está nesta altura a olhar para a sua própria internacionalização e que não deixará de olhar para Portugal também como um ponto focal desse seu processo de internacionalização".
Segundo o primeiro-ministro, a Ásia, com destaque para a China e a Índia, é uma área estratégica "para a internacionalização e para o aumento das exportações das empresas portuguesas".
A este propósito, Passos Coelho congratulou-se com o crescimento das exportações portuguesas em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) e alegou que o Governo PSD/CDS-PP iniciou "uma era nova" em matéria de diplomacia económica.
Na sua intervenção, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, contestou a acusação de que o Governo "menospreza o crescimento económico" e assinalou o recente anúncio de uma linha de crédito dirigida às pequenas e médias empresas (PME) para facilitar o seu financiamento.
Na resposta, Passos Coelho destacou igualmente essa linha de crédito, considerando: "Por razões que são conhecidas, os custos de financiamento que as empresas suportam em Portugal são muito diferentes e mais graves do que as de muitas outras empresas no resto da Europa. Isso só se resolverá de forma duradoura na medida em que nós consigamos recuperar credibilidade externa e que a nossa banca se consiga financiar também externamente a custos mais favoráveis".