O presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu, esta quarta-feira, que os portugueses não podem deixar-se "tomar pela amnésia" e criticou quem promete "refeições grátis" e procura "vender uma ilusão" sobre a Europa.
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"É muito importante nesta campanha não nos deixarmos tomar pela amnésia. A amnésia é o caminho mais direto para voltar à irresponsabilidade. Aqueles que julgam que se pode construir uma Europa solidária sem uma Europa responsável estão a vender uma ilusão que não tem forma nenhuma de vingar", afirmou, num jantar comício da candidatura PSD/CDS-PP Aliança Portugal às eleições europeias de domingo, em Ourém.
Na sua intervenção, Passos Coelho referiu-se indiretamente às medidas para um futuro Governo apresentadas no sábado pelo PS, declarando: "Os portugueses sabem que, para venda a pataco, podem fazer outras escolhas. Nós não vendemos promessas a pataco, não o fazemos sobre a Europa, não o fazemos sobre Portugal".
Por outro lado, alegou que os socialistas estão a elogiar o executivo PSD/CDS-PP partindo do princípio de que vai haver crescimento económico: "Não tenham dúvidas, é um grande elogio quando nos dizem que podem concretizar variadíssimas medidas que custam muito dinheiro, mas que isso não terá qualquer impacto no défice, porque a economia vai crescer".
"No fundo, rendem-nos uma homenagem. É verdade, a economia não vai crescer, a economia está a crescer e vai continuar a crescer, mas não é graças às medidas deles, é graças às medidas que as portuguesas e os portugueses fizeram e graças às medidas que este Governo tomou, sem o seu apoio", completou.
Antes, Passos Coelho qualificou de "pueril" a visão que alguns têm "da Europa e do seu próprio país", acrescentando: "É aquela visão em que se entende que é possível consumir sem limites, investir sem limites, mesmo sem gerar poupança".
"São aqueles que pensam que, apesar das dificuldades financeiras das empresas, das famílias e do Estado, se pode financiar de qualquer forma o crescimento da economia, mas que ao mesmo tempo não querem comprometer-se com as medidas difíceis que é preciso executar para ganhar credibilidade suficiente para ir buscar o financiamento que é necessário", prosseguiu.
Depois, recorreu de novo à imagem de um jantar de grupo em que quem pede mais do que pode pagar sugere que a conta seja dividida igualmente por todos, para criticar "as refeições grátis que muitos políticos oferecem".
"São uma ilusão e, portanto, uma irresponsabilidade. Isso não existe na Europa, como não existe cá. Nós sabemos qual é o preço que se paga na Europa e em Portugal por essa irresponsabilidade", afirmou Passos Coelho, responsabilizando os que "andaram pelos governos a encomendar refeições que os portugueses não podiam pagar" pelas dificuldades dos últimos três anos.
"Por isso, diz bem o Paulo Rangel: Não me venham com a conversa de que o país só tem futuro se a Europa mutualizar a nossa dívida. O futuro da Europa passa por responsabilidade orçamental em cada Estado que dela faz parte", advogou.
Nesta intervenção, o presidente do PSD sustentou que nas eleições europeias de domingo está em jogo "um modelo de Europa" e condenou a ideia de "uma Europa mais fechada, mais centrada sobre si própria, com setores protegidos".
Segundo Passos Coelho, os portugueses devem mostrar que querem estar "presentes na construção europeia" e "fazer parte do euro".