Passos lembra que relatório do FMI vai apontar para "uma realidade que não existe"
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, advertiu que o relatório do Fundo Monetário Internacional, que será divulgado esta sexta-feira, aponta para "uma realidade que não existe", da dúvida do cumprimento de objetivos pelo executivo que já estão a ser alcançados.
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"A Comissão Europeia revelou o seu relatório em dezembro, o FMI vai fazê-lo agora. Vai evidentemente apontar para uma realidade que não existe, que é a da dúvida se nós temos condições para atingir um objetivo que atingimos", afirmou o chefe de Governo.
Passos Coelho falava no parlamento no debate quinzenal, em resposta ao líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, que o questionou sobre a atitude da oposição, de não reconhecer que as previsões, por exemplo, quanto a um crescimento do desemprego não se confirmaram.
O primeiro-ministro corroborou que quando o Orçamento para 2014 foi apresentado "não houve na oposição quem não o entendesse incumprível, irrealizável ou, na medida em que o fosse, um desastre para o país", argumentando que a "execução orçamental desmente ambas as visões", e prosseguiu para falar da Comissão e do FMI.
"Como aconteceu com a Comissão Europeia, como aconteceu com o Fundo Monetário Internacional, que divulgaram o seu pessimismo quanto às projeções que o Governo português apresentava para o ano de 2015, deverão agora ter em conta os resultados que já estão alcançados e corrigir as suas perspetivas", declarou.
O FMI divulga, esta sexta-feira, o seu relatório sobre a primeira avaliação pós-programa de Portugal.
A primeira missão pós-programa decorreu entre 28 de outubro e 4 de novembro de 2014, altura em que os técnicos do FMI e da Comissão Europeia estiveram em Portugal, cumprindo a primeira de várias visitas regulares que se vão realizar até que o país devolva a maioria dos empréstimos concedidos.
O chefe de Governo defendeu que "a retórica" de que o executivo não acerta previsões e metas e não cumpre aquilo a que se propõe, "é uma retórica que está completamente desfasada da realidade" e que "se torna penoso" que a oposição insista nessa atitude.
Sobre a Grécia e a situação das dívidas públicas na Europa, Passos insistiu que "cada um tem que fazer a sua parte do trabalho".
"Nós durante estes três anos cumprimos a nossa parte e por isso também estamos em condições de reclamar que os outros também o façam", disse.
O primeiro-ministro virou-se ainda para o presidente da bancada do PS, Ferro Rodrigues, para reiterar que o Banco Central Europeu não está a tomar medidas para resolver os problemas de crescimento económico.
"Não temos a política monetária a servir o objetivo do crescimento, mas o objetivo da estabilidade financeira e da inflação, de não ter uma inflação descontrolada, é o objetivo principal da política monetária", afirmou.
Passos Coelho acrescentou que, se o BCE "tiver de recorrer a medida não convencionais para garantir a eficácia da política monetária, não significa que o objetivo se tivesse alterado, o objetivo é o mesmo, não é estimular a economia", mas evitar a deflação.
"O BCE não podia atuar 2011 como atuou agora, porque não havia problemas de deflação", insistiu.
O primeiro-ministro acrescentou que antes do pedido de assistência português, "o BCE esteve ativo", tendo proporcionado, de forma direta ou indireta financiamento mais e 40 mil milhões de euros ao Estado.