O PCP anunciou, esta sexta-feira, uma moção de censura à política do Governo. O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, encarou o anúncio com "muita naturalidade e tranquilidade" e reafirmou a confiança nas políticas do Executivo.
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O anúncio foi feito, por Jerónimo de Sousa, esta sexta-feira de manhã, durante uma intervenção na Assembleia da República, no âmbito do debate quinzenal, que começou com a discussão sobre a Saúde em Portugal.
"Uma moção de censura ao pacto de agressão, ao aumento da exploração, ao empobrecimento, à política de Governo e ao Governo que o executa, com a consciência que a rotura com esta política surge cada vez mais como um imperativo nacional", declarou Jerónimo de Sousa.
Antes do anúncio, o líder do PCP sustentou que o caminho do Governo "é de exploração" e tem levado ao empobrecimento dos portugueses, afirmando que "chegou a hora de dizer basta antes que seja tarde demais".
"Fala o Governo de sucesso mas trata-se na realidade de um falso e delirante sucesso", criticou.
Considerando que o país está pior que há um ano, Jerónimo de Sousa disse que "o que se vê é um caminho de exploração do trabalho sem limites, com as alterações ao Código do Trabalho, o ataque aos rendimentos do trabalho, às reformas e às pensões, a direitos legítimos, ao corte de subsídios de férias de Natal que passou de conjuntural a intemporal".
"É preciso por um ponto final neste caminho. Chegou a hora de confrontar o Governo com as megas e brutais consequências das suas opções, das suas políticas", defendeu.
Passos Coelho tranquilo
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, encarou a moção de censura com traqnuilidade. "A sua intervenção trouxe surpresa e novidade, mas quero dizer-lhe que o Governo encara com muita naturalidade e com muita tranquilidade a iniciativa de censura que aqui anunciou", declarou.
Na resposta ao secretário-geral comunista, Passos Coelho disse entender que o PCP, por ter uma "visão inteiramente diferente" do caminho que está a ser seguido, "coerentemente se quer mostrar diferente da estratégia que está a ser seguida".
O primeiro-ministro defendeu que o caminho que o Governo tem seguido "tem produzido efeitos úteis a Portugal".
"É útil a Portugal ser visto como alguém que cumpre aquilo que se compromete. Numa altura de incerteza geral é útil para os portugueses que, graças ao caminho seguido, Portugal seja hoje olhado com respeito", advogou.
O PCP vai pedir uma conferência de líderes extraordinária, cumprindo o protocolo. A moção de censura deve ser apresentada formalmente na quarta-feira, três dias após o anúncio, de acordo com o que está regulamentado. A discussão foi já marcada para o próximo dia 25.