O líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, acusou a banca de "descarada cartelização" na decisão de não emprestar mais dinheiro ao Estado e na exigência de ajuda externa.
Corpo do artigo
"Os maiores bancos portugueses decidiram mesmo não emprestar mais dinheiro ao Estado, não ir aos leilões da dívida. Trata-se de uma clara e descarada cartelização, que pelos vistos foi combinada, pasme-se, numa reunião com o Banco de Portugal, o regulador do sector financeiro", defendeu Bernardino Soares.
Na última sessão plenária da legislatura antes da dissolução do Parlamento, o líder da bancada do PCP criticou também o "chamado governo de salvação nacional" que os bancos exigem, com "uma maioria parlamentar reforçada", indicando "a PS, PSD e CDS o caminho que têm que seguir".
"Mais não seria do que um governo de salvação do grande capital e da política de direita que o tem servido ao longo das décadas enquanto o país empobrece", declarou.
Para o PCP, "com a pesporrência de quem está habituado a mandar nos governantes e a determinar as suas principais opções, decidiram agora que tem de ser pedida uma ajuda de emergência à União Europeia ou ao FMI".
"A banca portuguesa, coitadinha, não pode fazer mais sacrifícios", ironizou, depois de afirmar que os bancos receberam "milhares de milhões do erário público em financiamento em avales", pagam "baixíssimos impostos, mesmo com altíssimos lucros", enchem "os cofres com parcerias público privadas, que são um esbulho para todos os portugueses".
Bernardino Soares argumentou que "a entrada do FMI nada tem de inevitável", sublinhando as "consequências para o país" dessa intervenção que os "iluminados comentadores, opinantes e economistas do pensamento único" omitem.
Além da imposição de "medidas absurdamente anti-sociais, como altamente destrutivas da economia nacional e da indispensável criação de emprego", essa intervenção levará ao "definhamento" da economia e "amputação" da soberania, sem resolver o problema dos juros, "como a situação da Grécia e da Irlanda bem demonstram".
Também a deputada de "Os Verdes" Heloísa Apolónia rejeitou as "opções à FMI, sejam elas protagonizadas pelo próprio FMI ou pelo FMI à portuguesa (ou seja PS e PSD)".
"Queremos um país levantado do chão, a produzir, a gerar riqueza", afirmou, garantindo que o partido ecologista "dará o seu contributo para a concretização de políticas de esquerda".