Bloco de Esquerda classificou esta sexta-feira a ação do Governo da maioria PSD/CDS-PP, com a presença da "troika" em Portugal, como estando assente na "dissimulação, chantagem e destruição", numa interpelação ao executivo na Assembleia da República.
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A deputada do BE referiu-se à mais recente polémica sobre o facto de fonte oficial do Ministério das Finanças ter veiculado a informação de que o executivo de Passos Coelho e Paulo Portas se prepara para tornar permanentes os cortes nas pensões, algo entretanto contrariado pelo Primeiro-Ministro e pelo Ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares.
"Na corrida frenética da propaganda eleitoral temos visto um pouco de tudo - do debate sobre as divergências insanáveis que nunca tiveram conteúdo para lá da folha de rosto à concorrência entre agências de comunicação dentro do próprio Governo que provocam os números tristes, mas reveladores, de um secretário de Estado que anuncia o que o ministro nega, mas todos sabemos que é o que se prepara", disse.
Sobre o tema da interpelação - "balanço do Programa de Assistência Económico-Financeira e transição para o ?pós-troika'" - Catarina Martins criticou a "espiral destrutiva de dívida, austeridade e empobrecimento", tendo o BE apresentado ainda um projeto de resolução para "chumbar" a atuação da "troika" e "rejeitar o caminho de austeridade imposto pelo Tratado Orçamental".
"Usando a chantagem da dívida, impõem austeridade, o que resulta em empobrecimento e, num país mais pobre com dívida crescente, a dívida agrava-se e é desculpa para nova e reforçada austeridade, recomeçando sempre o ciclo imparável do empobrecimento. Façamos as contas: em cada seis euros de austeridade, cinco foram diretamente para o caixote do lixo", afirmou a parlamentar bloquista.
Para a co-líder do BE, "todos os contratos foram rasgados por este Governo, desde o mais importante compromisso para com os trabalhadores, que é o seu salário, à confiança que foi celebrada com os pensionistas, nenhum escapou".
"Sacrifícios, pedem, prometendo que valerão a pena no dia em que nevar em agosto em Lisboa e fizerem 40 graus em dezembro na Serra da Estrela. O acaso meteorológico com tanta probabilidade com a de um país poder ter 30 anos consecutivos de taxas de crescimento de três por cento e saldos primários de quatro por cento", ironizou.