O líder do CDS-PP, Paulo Portas, comparou, este domingo, a gestão do Governo regional da Madeira com a do Executivo socialista liderado por José Sócrates, defendendo que "a dívida não é boa ou má consoante a cor dos governos".
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Num comício em Água de Pena, Santa Cruz, o líder democrata-cristão e ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de coligação manifestou-se ainda convicto que o CDS-PP, o partido que "tinha paletes de razão" e soube "avisar a tempo contra o excesso de dívida e de despesa", terá "um crescimento indomável" no próximo dia 9 de Outubro.
"Quando vos disse há uns meses atrás que considerava uma irresponsabilidade José Sócrates ter levado a dívida nacional a um tal ponto que cada português por conta do Estado já devia 17 mil euros, também vos disse que considerava uma irresponsabilidade o Governo regional da Madeira ter levado a dívida a um tal ponto que os madeirenses, por conta do Governo regional e do seu desperdício, cada um deles já devia quase 24 mil euros", começou por afirmar.
E acrescentou: "E se eu critico aquilo que os socialistas fizeram ao nível da República, não esperem de mim outra coerência que não seja a de vos dizer que é igualmente criticável aquilo que aqui foi feito pelo Governo regional. O endividamento que os socialistas deixaram na República levou Portugal à situação muito difícil de ter de pedir ajuda externa. O endividamento que o governo regional da Madeira provocou nesta região levou as instituições a pedir ajuda ao Governo da República. Estamos a falar de comportamentos que não são responsáveis".
Ao lado do cabeça de lista do CDS-PP às eleições regionais, José Manuel Rodrigues, Portas salientou depois que, para os democratas-cristãos, "a dívida não é boa ou má consoante a cor dos governos".
"A dívida quando é excessiva é sempre má porque hipoteca o presente e limita a margem de manobra das novas gerações no futuro", defendeu.
Mas Paulo Portas pôs ainda em causa a autoridade moral do PS para criticar a dívida da Madeira.
"Quando oiço os socialistas criticarem a dívida na Madeira pergunto-me a mim próprio: mas já estarão esquecidos da dívida que deixaram no país ainda não passaram três meses ? (...) Eu oiço os socialistas criticarem a dívida na Madeira, mas não os ouvi até hoje fazer uma auto-crítica sobre o endividamento a que levaram o nosso país como um todo", apontou.
De resto, o líder centrista criticou o Governo regional por ter revelado a "insensatez de tentar esconder a dívida debaixo do tapete" comprometendo a imagem externa do país e da região.
"Quando Portugal está a fazer com o sacrifício de todos uma luta titânica para recuperar a nossa credibilidade, cumprir as nossas obrigações e voltarmos a ter a nossa independência de decisão, não pode haver nenhuma entidade pública, nem um governo regional, que lese essa credibilidade e coloque dúvidas sobre esse cumprimento", afirmou.
Aludindo ao ato eleitoral do próximo domingo, Paulo Portas considerou depois que, se os madeirenses voltassem a votar maioritariamente no PSD e em Alberto João Jardim, "isso significaria que o eleitorado acharia bem este nível insuportável de dívida".
"Vai ser preciso saber governar, não apenas a gastar, mas sobretudo a poupar, disciplinar o que está indisciplinado, ter outro modelo de desenvolvimento (...) pensar mais na agricultura, nas pescas ou no turismo (...) vai ser preciso em tempo de austeridade proteger os mais vulneráveis (...) vai ser preciso mudar de vida", apontou.
Considerando que o CDS-PP tem surpreendido "pela positiva" no presente ato eleitoral, o líder democrata-cristão mostrou-se convicto que o seu partido terá no dia 9 de Outubro "uma votação histórica" no arquipélago.
"Nós sabemos, nós temos o pressentimento -- e os nossos adversários também - que o CDS pode ter uma votação histórica e ser a chave da mudança nesta região (...) vão ver que no próximo domingo finalmente far-se-á justiça ao partido que aqui teve mais razão, coerência e autoridade", declarou.