O secretário-geral do PS, António José Seguro, afirmou esta quinta-feira, em Leipzig, na Alemanha, que Portugal "está bloqueado" e que o Governo está "desacreditado" e "descredibilizado".
Corpo do artigo
"O país está bloqueado e nós precisamos de sair deste bloqueio através da expressão de um novo consenso nacional que existe e que o PS lidera", disse António José Seguro aos jornalistas, quando questionado sobre as declarações do antigo presidente da República Jorge Sampaio, que afirmou que em Portugal a "situação está económica, financeira e politicamente bloqueada".
O secretário-geral do PS, que falava à margem das comemorações dos 150 anos dos sociais-democratas alemães (SPD), a decorrer esta quinta-feira na cidade alemã, ressalvou o facto de "não conhecer as palavras" de Jorge Sampaio e afirmou que este consenso nacional "exige compromissos".
Estes compromissos, defendeu Seguro, têm de ser "feitos às claras, com transparência e depois de os portugueses se pronunciarem, para lhe dar uma legitimidade democrática e uma força que neste momento já não existe com um governo que está desacreditado e descredibilizado".
O antigo presidente da República Jorge Sampaio, conselheiro de Estado, afirmou esta quinta-feira que, em Portugal, a "situação está económica, financeira e politicamente bloqueada" e que o consenso "agora está esgotado".
Em entrevista à Antena 1, conduzida pela jornalista Maria Flor Pedroso, Jorge Sampaio sublinhou que há poucas saídas para esta situação de bloqueio, porque não seria fácil para o presidente da República, Cavaco Silva, dissolver o parlamento.
"É muito difícil de fazer, porque só é claro se houver uma alternativa. Ela existe, mas tem de encorpar", defendeu.
No entender do antigo chefe de Estado, o consenso político "agora está esgotado".
"E está esgotado a partir da moção de censura do PS" e, do lado dos partidos de esquerda, também não vislumbra "qualquer condição para que seja possível (um entendimento) ao nível do Governo", apenas ao nível autárquico, declarou.
Na opinião do antigo chefe de Estado, "é preciso intimidade, confiança", o que "é um resultado, um compromisso, uma negociação que demora tempo, não é para se fazer às claras".
Sobre o Conselho de Estado, na passada segunda-feira e que durou cerca de sete horas, Jorge Sampaio admitiu que a realização de eleições antecipadas esteve em cima da mesa na discussão e acrescentou que, no seu entender, uma consulta aos eleitores não é "algo que se tenha de evitar a todo o custo".
"A democracia tem soluções e o presidente da República ouviu-nos durante sete horas e já percebeu qual é a opinião de cada um de nós", adiantou Jorge Sampaio.