O ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou, esta quarta-feira, "não esperar alterações muito significativas na discussão das medidas concretas a serem adotadas", no âmbito da revisão do programa de ajustamento de Portugal.
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Numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo cipriota, Ioannis Kasoulides, em Lisboa, Rui Machete considerou que "a situação tem uma dinâmica interessante, mas que ainda não se traduziram no terreno as considerações 'filosóficas' veiculadas pelos organismos superiores do FMI (Fundo Monetário Internacional)".
"O que é uma situação normal. Os organismos levam algum tempo a mudar e, portanto, nós esperamos acabar o período de vigência do memorando de entendimento antes que essa discussão termine, senão levaria muito mais tempo a ser realidade", declarou.
Rui Machete referia-se a um relatório de economistas do FMI, publicado na terça-feira, no qual se afirma que os países em crise devem evitar um ritmo de redução do défice orçamental demasiado acelerado.
Chipre com "progressos louváveis"
O ministro dos Negócios Estrangeiros cipriota defendeu a aplicação escrupulosa do programa de ajustamento da troika (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), como forma de ultrapassar esta fase o mais depressa possível.
"É isso que estamos a fazer e que vamos fazer nos próximos meses. Não outra forma", sublinhou Ioannis Kasoulides, manifestando otimismo, na sequência de uma boa avaliação da troika.
Na segunda-feira, o FMI anunciou ter concedido 84,7 milhões de euros a Chipre, depois de ter procedido, juntamente com a Comissão Europeia e o BCE, à primeira auditoria das contas do país, sob assistência financeira internacional desde março.
"As autoridades cipriotas fizeram progressos louváveis, ao tomarem medidas de estabilização (da economia) a curto prazo", apesar dos riscos que espreitam o país continuarem "a ser substanciais", de acordo com a diretora geral do fundo, Christine Lagarde.
Oportunidades de negócio
Esta quarta-feira, na reunião em Lisboa, os dois ministros passaram em revista questões bilaterais e a situação internacional, com destaque para o Médio Oriente.
"Existem oportunidades de negócio entre os dois países. Para Portugal, as oportunidades podem ser no campo energético, com o gás natural, e na indústria do turismo, em que Chipre é um país particularmente dotado pela Natureza e Portugal também. Há aspetos comuns que podem ser desenvolvidos", declarou Rui Machete.
O chefe da diplomacia portuguesa acrescentou existir "um progresso claro no estreitamento das relações (bilaterais), que corresponde à política que os dois países estão a desenvolver de, entre os parceiros europeus, estabelecer laços mais fortes e com uma cooperação mais frutífera".
Ioannis Kasoulides lembrou que Chipre "é o único país da UE próximo da volátil região do Médio Oriente", afirmando ter debatido a situação na Síria e no Egito, principalmente, com o homólogo português.
O governante destacou ainda as boas relações com Portugal, os pontos de vistas comuns na UE e o apoio mútuo nos fóruns internacionais.
Há uma grande capacidade para melhorar as trocas económicas e investimentos ao nível da energia e do turismo, disse. "Temos muitas semelhanças nas nossas atividades económicas e muitas questões a serem examinadas".
O responsável cipriota defendeu a ideia de que os membros da UE do sul, do Mediterrâneo, possam realizar consultas sobre questões de agenda, de forma informal, como acontece com "outros grupos geográficos da UE".