O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, desafiou o PS a sentar-se "à mesa da troika" ao lado do Governo PSD/CDS-PP, afirmando que não será fácil mas que "pode ser bom" para o país.
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O primeiro-ministro disse calcular "o que seja, à mesa da troika, ter mais do que um governo a negociar", afirmando em seguida que "pode ser bom".
"Se já é difícil entre gente que está no Governo e não parece fácil, com gente que não quer vir para o governo, a não ser que tenha eleições, mas então que seja sem isso, que consigamos pôr essas divergências de lado como os partidos desta coligação têm feito", afirmou.
Pedro Passos Coelho respondia a um pedido de esclarecimento do líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, no debate do estado da Nação, na Assembleia da República.
"Sinal de boa-fé"
O primeiro-ministro anunciou ainda que, como sinal de "boa-fé" e "empenhamento" num compromisso com o PS, não fará avançar para o parlamento medidas do programa de médio prazo acordado com a troika, manifestando abertura para "cumprir noutros termos".
Pedro Passos Coelho confirmou que o Governo solicitou que a oitava e a nona avaliação do programa da troika possam ocorrer em simultâneo em setembro, e que o PS possa envolver-se nas negociações, que passam por uma reunião com os chefes de missão.
Esse encontro, a realizar "o mais rápido possível", possivelmente na próxima semana, deverá determinar "o chão com que é possível prosseguir" e "satisfazer um dos pedidos do senhor Presidente da República", de saber quais as condições para encerrar com êxito o programa de assistência económica e financeira, disse o chefe do Governo, enquanto respondia ao líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães.
"Trata-se, portanto, de uma prova de boa-fé, de interesse nesse compromisso, de não estar a fechar soluções, mas de as poder abrir", declarou, sublinhando que demonstra o "empenhamento deste Governo".
"Evidentemente, a minha expectativa é que nos continuemos a guiar pela mira do cumprimento, mas se for possível cumprir noutros termos, cumprimos noutros termos, vamos à procura deles. Mas vamos fazê-lo não apenas com uma das partes da negociação, vamos fazê-lo com outra parte da negociação", sustentou.
Passos Coelho começou por dizer que entendeu que "não devia aprovar em Conselho de Ministros alguns elementos importantes que estão prontos e que respeitam à concretização de medidas do programa de médio prazo que foi acertado com a troika", evitando apresentá-las como um "facto consumado".
"Nós fizemos o nosso trabalho de casa, mas solicitamos à troika que, na atual conjuntura em que estamos à procura de um entendimento mais alargado, o oitavo exame fosse realizado em conjunto com o nono exame, em setembro", disse.