<p>Porque "o programa do Governo não é um dogma", diálogo e consenso foram as duas palavras mais usadas por Francisco Assis ao falar aos jornalistas das suas prioridades como presidente da bancada parlamentar socialista.</p>
Corpo do artigo
"O programa do Governo é uma espécie de cartão de identidade programática, é a matriz da acção, a base referencial da acção governativa. É uma base, é um compromisso essencial".
A frase de Assis é a pitada de distanciamento que o grupo parlamentar assume em relação ao Executivo para que o discurso centrado em diálogo tenha base de sustentação.
Estas palavras foram proferidas pouco antes de ser conhecidos os resultados da votação para a direcção da bancada. A lista de Assis, composta por seis homens e seis mulheres, foi eleita com 69 votos a favor, quinze contra, sete brancos e um nulo. Dos 97 deputados, votaram 92. Já eleito, o novo líder reuniu-se, ontem à noite, com a bancada para preparar a discussão do programa do Governo, marcada para amanhã e sexta--feira. Em 2005, a lista de Alberto Martins obteve 83 votos a favor, 18 contra e 10 em branco, e votaram 111 dos 121 deputados.
Aos jornalistas, o novo líder parlamentar quis dar o tom para os tempos de debate com a Oposição. E revelou como prioridade a disponibilidade para o "diálogo permanente com os demais grupos parlamentares".
"É uma tarefa exigente mas entro nela com toda a abertura de espírito". É esta atitude, a fazer lembrar a da "mão estendida" enunciada por Sócrates quando foi indigitado primeiro-ministro, do socialista a quem cabe a tarefa de enfrentar a Oposição no terreno parlamentar.
A exigência de que fala Assis é quase uma "quadratura do círculo". Como disse, trata-se de ter "por um lado, afirmação clara das nossas prioridades, mas, ao mesmo tempo, disponibilidade para um diálogo permanente com os demais grupos parlamentares para alcançar os consensos necessários para a aprovação das diversas iniciativas".
A consciência de que a não existência de maioria absoluta obriga à construção de consensos, não pode tolher, segundo Assis, os passos dos socialistas.
"É evidente que este Governo tem consciência de que não dispõe de uma maioria absoluta. Por isso, tem de ter abertura para as negociações, que se devem fazer de forma séria e transparente. É nisso que nos vamos empenhar".
A repetição da ideia da abertura às negociações levou ainda o líder parlamentar socialista a considerar ser possível transformar em "positivas" as eventuais coligações "destrutivas" que a Oposição possa formar.
Neste ponto, repetiu a ideia lançada por Sócrates e já transformada em mote do discurso socialista, que é a de que a responsabilidade de assegurar a estabilidade é do Governo e da Oposição.