O PS recusa que "os pobres sejam considerados portugueses de segunda com medidas de segunda" e questiona a diminuição de 20% para 10% na majoração do subsídio a casais desempregados. PCP diz que Plano de Emergência Social está revestido de hipocrisia. BE defende que medidas não conseguem esconder cortes já anunciados.
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Num comentário à apresentação do Plano de Emergência Social (PES) do Governo, a deputada Sónia Fertuzinhos garantiu que os socialistas "não defendem, nem nunca defenderão a lógica assistencialista de apoios sociais às pessoas".
"Não consideramos que os pobres por serem pobres sejam considerados portugueses de segunda com medidas de segunda", afirmou a deputada, contrapondo com contratos nos quais as pessoas "assumem direitos e deveres naquilo que são os apoios do Estado e as políticas sociais". Entre medidas de "segunda" estão, por exemplo, o "aligeirar a fiscalização nas cantinas das instituições sociais" e o apoio em espécie, apontou.
A deputada indicou ainda que a lei aprovada pela então oposição, que incluía PSD e CDS-PP, aprovava uma majoração de 20% do subsídio a casais desempregados. "[O Governo] na oposição era favorável a uma majoração de 20% no subsídio de desemprego e neste plano apresenta apenas uma de 10% não justificando o porquê da alteração", salientou.
PCP: Medidas são umas migalhas"
O PCP considera que o PES está "revestido de profunda hipocrisia" porque o Governo está a "dar migalhas ao mesmo tempo que retira com as duas mãos rendimentos a milhares de portugueses".
"Ao mesmo tempo que congela salários e pensões, aumenta os transportes públicos, rouba metade do subsídio de Natal. Dizer que este Governo tem consciência social é brincar com os portugueses", considerou o deputado Jorge Machado.
Para o parlamentar comunista, a maioria PSD e CDS-PP apresentou o PES "está revestido numa profunda hipocrisia: o Governo quer dar aos idosos medicamentos em final de prazo, mas ao mesmo tempo retira a comparticipação (de medicamentos) a milhares de idosos", acrescentou.
BE: Plano "não esconde cortes nos apoios"
O Bloco de Esquerda, pela voz de Mariana Aiveca, notou que o PES "não consegue esconder todos os cortes nos apoios sociais e às famílias decididos por este Governo", como os "aumentos dos transportes, da água e da electricidade".
"É a facilitação e embaratecimento dos despedimentos, é o aumento do desemprego já anunciado, que sabemos que nos próximos meses vai aumentar, e é a precariedade", acrescentou.
Para o BE, "sem se taxarem os mais ricos não há possibilidade de um verdadeiro plano que responda às dificuldades das pessoas".