O Partido Socialista considera que ainda é possível resolver a crise que afecta a economia europeia no quadro do Tratado de Lisboa e rejeita "decisões de directórios" e "opções políticas que se centrem exclusivamente na preservação de interesses financeiros".
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O porta-voz do PS, João Ribeiro, em declarações à Lusa, diz que a reunião de segunda-feira entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, será "uma cimeira da direita europeia", sublinhando que se trata uma direita europeia que "há três anos tenta sem sucesso resolver a crise".
"O PS sempre disse que rejeita decisões de directórios e rejeita opções políticas que se centrem exclusivamente na preservação de interesses financeiros. O que vai acontecer na segunda-feira é provavelmente uma cimeira da direita europeia, e convém relembrar que esta direita europeia nos governa há seis anos, na França, na Alemanha, na Comissão europeia e no Parlamento Europeu. Há três anos que tenta sem sucesso resolver a crise", afirmou.
Sobre a possível alteração no Tratado de Lisboa, o PS defende que este ainda não esgotou todos os seus mecanismos e que ainda é possível resolver a crise da dívida soberana que afecta a Europa com recurso aos mecanismos já previstos.
"O Tratado de Lisboa ainda não esgotou todos os seus mecanismos para resolver a crise, ainda é possível resolver esta crise no quadro do Tratado de Lisboa, designadamente através da cooperação reforçada na zona euro", considerou.
João Ribeiro diz que Sarkozy e Merkel têm vindo a aproximar-se das ideias defendidas pelo PS em termos de governação económica mas "mal porque centram essa aproximação exclusivamente nas questões de disciplina orçamental".
O partido defende que o debate tem de ser recentrado na questão democrática e de legitimidade no controlo e definição dessas políticas económicas e orçamentais, apontando esta como a única forma de recuperar a soberania que o país poderá já ter perdido.
"A questão é saber se já não a perdemos, o que está em cima da mesa é recuperar de forma democrática essa soberania. Uma revisão dos tratados tem que ter em conta um reforço do controlo democrático das políticas europeias orçamentais, e esse é que é o debate. O debate não é só de política fiscal ou de mecanismos formais de controlo orçamental, o debate é democrático, é onde é que está a legitimidade e onde é que está o controlo democrático dessas opções. No fundo já perdemos soberania o que esta aqui em causa é precisamente mais democracia europeia, porque só assim é que mantemos a soberania dos portugueses sobre políticas que vão afetar as nossas vidas", disse João Ribeiro.
O presidente francês e a chanceler alemã reúnem-se esta segunda-feira no que tem sido apontado como o dia onde será anunciada uma solução final para a crise da dívida soberana na zona euro.