O deputado socialista e ex-ministro Vieira da Silva desafiou, esta sexta-feira, o Governo a rever o IVA a 23% para a restauração, durante um debate de atualidade no Parlamento sobre desemprego marcado pelo PS.
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"Senhor ministro, olhe outra vez para a questão do IVA na restauração", apelou Vieira da Silva, dirigindo-se ao ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.
O líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães considerou que a proposta de reduzir o IVA na restauração é o exemplo do "deserto de ideias" que solucionem o desemprego por parte do socialistas e defendeu que Vieira da Silva deveria ter começado por fazer um ?mea culpa' por ter sido ministro do Trabalho e da Economia nos governos de José Sócrates.
Também o deputado social-democrata Adão Silva recorreu a este argumento, perguntando a Vieira da Silva se, à semelhança de um antigo ministro do partido socialista grego não tinha lido o programa de assistência financeira que assinou.
"Estou aqui sentado porque fui eleito pelos portugueses e não é o senhor, com as suas intervenções, que me atemoriza para dizer o que penso acerca da situação do país", respondeu Vieira da Silva, depois de Adão Silva ter afirmado que o ex-ministro devia ter "um pingo de vergonha" antes de falar de matérias como o desemprego.
"Os senhores só sabem responder à custa de acusações do passado", defendeu, argumentando que "é a realidade que mais cedo que tarde" obrigará a maioria a "mudar de políticas".
Para o deputado socialista, o Governo e os partidos da maioria "puseram no terreno uma máquina de destruição do emprego, que não sabem parar".
O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, argumentou que "Portugal já não cresce de forma significativa há cerca de dez anos", assim como no mesmo período a emigração tem vindo a crescer, por "não ter havido coragem de fazer reformas". E reiterou: "fizemos mais em 10 meses do que se fez nos últimos 15 anos".
Emigração e oportunidade
O deputado comunista Jorge Machado referiu-se às declarações sucessivas de membros do Governo sobre o desemprego, em que ao "apelo vergonhoso a imigração" se seguiu a afirmação de que "o desemprego é uma oportunidade, insultando os desempregados". O PCP também não poupou o PS, coresponsabilizando-o por um "desemprego que não caiu do céu".
Mariana Aiveca, pelo Bloco de Esquerda, lamentou a ausência do ministro da Economia na comissão de trabalho desde outubro para "dar a cara pela revisão do código do trabalho" e também pelo desemprego, que, acusou, Álvaro Santos Pereira "quase considera um bilhete premiado".
Para o Bloco, o Governo responde ao desemprego com "despedimentos mais fáceis e mais baratos" com o "aumento da precariedade".
No mesmo sentido, o deputado de "Os Verdes" José Luís Ferreira defendeu que "o Governo está a contribuir para agravar ainda mais os despedimentos", ao rever a lei laboral, através da qual "está quase a pedir as entidades patronais para despedir".