Vieira da Silva, ex-ministro do PS, acusou o Governo de ser "uma máquina de destruição de emprego". No debate sobre o desemprego, esta sexta-feira de manhã, no Parlamento, o ministro Álvaro Santos Pereira disse que o anterior Governo levou país à "quase-bancarrota".
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O debate sobre o desemprego, agendado pelo PS, esta sexta-feira de manhã, começou com um ataque forte do PS. O ex-ministro Vieira da Silva abriu a discussão acusando o Governo de ser "uma máquina de destruição de emprego", apontando os mais recentes dados sobre o desemprego em Portugal, que chegou a um recorde histórico de 14,9%.
"Depois dizem que não percebem o que se passa com o mercado de trabalho em Portugal", observou Vieira da Silva.
Num debate de atualidade marcado pela bancada socialista, o ex-ministro da Economia Vieira da Silva traçou um retrato negro da situação do país em matéria de desemprego, apontando que há agora mais 203 mil pessoas sem posto de trabalho do que no ano passado e que o desemprego chega aos 20% em regiões como a do Algarve.
Vieira da Silva disse ainda que o desemprego, além de ser elevado nos jovens, atinge também fortemente faixas etárias mais idosas, o que torna difícil o regresso destes cidadãos ao mercado de trabalho.
Quando às causas, Vieira da Silva referiu que, ao contrário do que fez a atual maioria PSD/CDS no passado, "o PS não ignora as consequências adversas da conjuntura internacional".
"Mas há mais explicações do que a conjuntura externa. Foi a vossa opção pela política recessiva, medidas que tiveram consequências arrasadoras no emprego, como o aumento do IVA para o setor da restauração", disse o ex-titular da pasta da Economia.
Para Vieira da Silva, a atual política de austeridade seguida pelo Governo, "se não falhar por outros indicadores, vai falhar seguramente pelo lado do desemprego".
Nesse sentido, apelou para que haja mudanças profundas quando se iniciar em breve a quarta avaliação do programa da "troika" (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) em Portugal.
"Agora, já não se pode alegar que este aumento do desemprego é fruto da rigidez do mercado de trabalho ou do nível de salários no país. É consequência da vossa política recessiva", sustentou o ex-ministro socialista, procurando assim retirar validade a argumentos de natureza liberal que foram usados no passado para caraterizar o mercado laboral do país.
Na resposta, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, citou o anterior chefe do executivo, José Sócrates, que advogou em 2011 que o aumento do desemprego era resultado das políticas orçamentais então tomadas e que constituíram "o preço a pagar para pôr as contas públicas em ordem".
"Obviamente que o legado que os senhores [do PS] deixaram - com a maior dívida pública dos últimos 160 anos e a maior dívida externa dos últimos 120 anos -, resultado de uma política desastrosa de uma vossa agenda de crescimento, praticamente conduziu o país à bancarrota", afirmou, recebendo uma prolongada salva de palmas das bancadas do PSD e do CDS.
A seguir, Álvaro Santos Pereira defendeu que o ajustamento orçamental em curso "destina-se exatamente a resolver o grave legado que os governos do PS deixaram ao país".
Para além das críticas aos socialistas, Álvaro Santos Pereira deixou também um apelo político concreto.
"Porque o Governo tem uma atitude de diálogo social e porque é muito importante o envolvimento de todos, proponho o seguinte ao PS: Já dissemos aos parceiros sociais que gostaríamos de elaborar um Plano Nacional de Emprego que complementasse o que foi estabelecido no acordo de concertação social e desafio o PS para colaborar connosco na concretização deste plano", declarou.
O ministro da Economia sustentou depois que o desemprego "tem de ser uma preocupação de todos".
"Todos temos de trabalhar em conjunto, sindicatos, patrões e partidos", acrescentou.