O secretário-geral do PS afirmou, esta sexta-feira, que o país está mais pobre e desigual no final do "programa de empobrecimento" e defendeu uma "governação limpa e decente", insistindo na divulgação da carta de intenções aos credores.
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"No final deste programa há duas opções muito claras. Há um país pobre, um país desigual, um país com uma geração qualificada forçada a emigrar por opção política e ideológica sua. Enquanto deste lado, sempre ouviu uma escolha diferente em relação ao país. Em democracia há opções e elas têm de ser assumidas e o soberano que é o povo na altura certa dirá de sua justiça", afirmou António José Seguro, no debate quinzenal com o primeiro-ministro no parlamento.
Para o secretário-geral socialista, a "esmagadora maioria" dos portugueses "não acompanha" o primeiro-ministro na "visão cor-de-rosa" sobre o país, que "está pior" com a população "mais pobre e desigual".
"Durante todo este processo foi aplicado o dobro das medidas de austeridade que estavam previstas. Tratou-se de aplicar um programa de empobrecimento, da sua opção, e não um programa de ajustamento", acusou.
Num pedido de esclarecimento ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o secretário-geral do PS exigiu uma "governação limpa, decente" e que "presta contas aos portugueses".
Seguro disse que estava à espera que Passos Coelho "trouxesse a carta" de intenções com as "obrigações com que o Governo se vai comprometer" perante a troika e exigiu que o documento seja público antes de 17 de maio, data apontada pelo Governo para a saída do programa de ajustamento.
Na resposta, Passos Coelho lamentou que Seguro "não observe nada sobre os resultados positivos que o país alcança" e acusou os socialistas de "ao fim de três anos" não terem apresentado "uma única medida para reduzir o défice".
Pedro Passos Coelho recusou as acusações de "falta de transparência", afirmando que é o PS que está a "lançar a suspeição sobre o que aí vem".
"Essa técnica pode ser boa para vender jornais mas fica muito mal no escrutínio transparente do parlamento", afirmou, esclarecendo que a carta de intenções dirigida ao FMI será divulgada a seguir à "reunião que o FMI realiza para aprovar o resultado da avaliação".
"Sabe que essas são as regras", disse Passos Coelho, acusando o PS de querer "fazer um caso de campanha" com o tema.