PS duvida e Passos desafia Seguro a apresentar alternativas de 2 mil milhões de euros
O secretário-geral do PS manifestou, esta sexta-feira, dúvidas sobre as estimativas do Governo que justificaram as medidas de austeridade, com o primeiro-ministro a demonstrar-se disponível para mostrar todas as contas e a desafiar os socialistas para apresentarem alternativas.
Corpo do artigo
A credibilidade das estimativas do Governo em relação ao défice real do país em 2011 e 2012 foi um dos temas mais discutidos no debate travado entre António José Seguro e Pedro Passos Coelho na Assembleia da República.
O debate entre os dois conheceu mesmo alguns momentos de tensão, sobretudo em virtude dos protestos da bancada do PSD contra as palavras do líder do PS, o que levou por várias vezes a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, a repreender os deputados sociais-democratas mais ruidosos.
António José Seguro acusou o primeiro-ministro de ter dito "zero" sobre crescimento económico e, numa referência às medidas de austeridade previstas para o Orçamento do próximo ano, disse que divide "profundamente" PS e PSD "os caminhos e as opções políticas", mas não o cumprimento das metas a que Portugal está obrigado perante a troika.
"Senhor primeiro-ministro, com a sua intervenção assim não vamos lá, porque ao escolher estas opções significa que Portugal nunca poderá concretizar as metas a que estamos submetidos. Não digo que não exista um défice, o que nos separa é a estimativa que o primeiro-ministro faz do défice, que não é a nossa", frisou Seguro.
A seguir, o líder socialista disse que exigirá "um esclarecimento" ao Instituto Nacional de Estatística (INE), alegando que "o ponto de partida para o futuro é muito importante".
Na resposta, o primeiro-ministro considerou "natural e saudável" as divergências entre PS e Governo sobre os caminhos em relação ao futuro do país.
"Mas, para o país atingir as metas a que está obrigado, o Governo precisava de encontrar, em razão das contas que foram apuradas, cerca de dois mil milhões de euros em medidas transversais" em 2012, justificou o líder do executivo, numa alusão às medidas de austeridade por si anunciadas no âmbito do Orçamento do Estado para 2012.
Depois, Pedro Passos Coelho desafiou o PS a apresentar medidas alternativas no valor de dois milhões de euros.
"Se o PS tem nesse valor [dois mil milhões de euros] medidas alternativas, nós gostaríamos de as conhecer", disse, recebendo palmas.
Já sobre as dúvidas em relação às contas já apuradas pelo INE, Pedro Passos Coelho manifestou-se favorável para que haja "uma base de partida reconhecida por todos", tendo em vista a completa transparência da execução orçamental.
"Estamos totalmente disponíveis para ver todas as contas que o senhor deputado [António José Seguro] entender com o INE e com o Eurostat", respondeu o líder do executivo.