O Grupo Parlamentar do PS deverá indicar, segunda-feira, o ex-secretário-geral socialista Ferro Rodrigues para uma das vice-presidências da Assembleia da República e adiar por pelo menos dois dias a escolha do líder da sua bancada.
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Na primeira reunião da bancada socialista da presente legislatura, hoje, ao fim da manhã, ainda não poderão participar 25 dos deputados eleitos nas últimas legislativas por ainda serem membros do Governo cessante liderado por José Sócrates.
Só a partir de terça-feira, quando o novo executivo de coligação PSD/CDS tomar posse, é que estes 25 eleitos socialistas ficarão formalmente libertos do exercício de funções governativas e poderão então assumir os respectivos lugares no Parlamento.
Por este motivo, o Secretariado Nacional do PS pretende desde sexta-feira adiar a escolha do líder parlamentar por pelo menos 48 horas e tem procurado um consenso nesta matéria entre os dois candidatos à liderança deste partido, António José Seguro e Francisco Assis.
Além do adiamento da votação do presidente do Grupo Parlamentar, os socialistas serão ainda confrontados nesta sua primeira reunião com a questão de saber se escolhem ou não um líder parlamentar interino, até que o PS eleja um novo secretário-geral, o que só acontecerá a 23 de Julho.
Fonte da direção do PS disse à agência Lusa que escolher apenas um líder parlamentar transitório afasta automaticamente do leque de opções um conjunto de nomes mais fortes, caso de ex-membros do Governo, que apenas estarão disponíveis para desempenhar as funções de presidente da bancada se essa designação for pelo período de uma sessão legislativa.
Mais consensual entre os socialistas deve ser a escolha de Ferro Rodrigues para a vice-presidência da Assembleia da República, embora a direcção deste partido também tivesse ponderado para esse lugar institucional nomes de outros ex-ministros como os de Alberto Martins, Maria de Belém e Alberto Costa.
Já a indicação de voto contra a candidatura de Fernando Nobre (PSD) para presidente da Assembleia da República terá sido pacífica na última reunião do Secretariado Nacional do PS, na quarta-feira, mas foi mal recebida por outras correntes internas, sobretudo porque o órgão de direcção dos socialistas não tem poderes estatutários para dar essa orientação de voto aos seus deputados -- e só a Comissão Política o poderia fazer.
Na quinta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, no programa "Quadratura do Círculo", na SIC, criticou a direcção do PS e considerou que os nomes propostos pelo partido mais votado (neste caso o PSD) para o segundo lugar da hierarquia do Estado, a presidência do Parlamento, deveriam ser respeitados pelas restantes bancadas.
Ainda neste ponto, António José Seguro, candidato à liderança do PS, considerou "insólita" a orientação de voto dada pelo Secretariado aos deputados socialistas.