
O CDS-PP acusou este sábado o PS de ter terminado "unilateralmente o processo de diálogo", a quem dizem ter procurado não "dificultar a vida", tendo abertura para alterar as eleições e procurar "uma trajetória diferente para o défice".
CDS manifestou abertura para "trajetória diferente para o défice" -- Mota Soares
Lisboa, 20 jul (Lusa) - O CDS-PP acusou hoje o PS de ter terminado "unilateralmente o processo de diálogo", a quem dizem ter procurado não "dificultar a vida", tendo abertura para alterar as eleições e procurar "uma trajetória diferente para o défice".
O CDS-PP reuniu hoje a comissão política, após a qual fez uma declaração. Pedro Mota Soares, chefe da delegação do CDS-PP nas negociações com PSD e PS para o "compromisso de salvação nacional" pedido pelo Presidente da República, Cavaco Silva.
"No decurso das negociações, o CDS esteve disponível para encontrar consensos entre os três partidos, uma estratégia negocial com a 'troika' em coerência. Manifestámos o nosso interesse e abertura na obtenção de uma trajetória diferente para o défice, sabendo que os ajustamentos ao ajustamento não dependem só de nós", afirmou Mota Soares.
"Propusemos, por isso, um método para que todos pudessem aceitar os resultados da negociação com a 'troika' e procurámos não dificultar a vida ao Partido Socialista, separando até medidas da sétima avaliação que já foram votadas no Parlamento de outras que ainda não o foram", declarou.
Mota Soares acusou o PS de ter terminado na sexta-feira "unilateralmente o processo de diálogo", em que, reiterou, o CDS-PP participou com "boa-fé negocial, empenho e discrição".
O CDS "esteve disponível para alterar o calendário eleitoral, respeitando os compromissos do senhor Presidente da República", afirmou.
Já antes da reunião, o porta-voz do partido, João Almeida, declarou que
"o CDS tem afirmado que entende que, do ponto de vista da maioria, há uma solução estável e suficientemente forte para terminar esta legislatura", disse aos jornalistas
Questionado sobre a declaração ao país do Presidente da República, marcada para domingo, às 20:30, João Almeida disse que "é uma consequência" do processo político em curso.
"Haverá, antes de mais, todo o respeito pela análise do senhor Presidente da República. O CDS já transmitiu ao senhor Presidente da República qual é a sua análise e, portanto, é a sequência normal do processo", afirmou.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, cancelou a sua participação hoje, no 39.º aniversário da Juventude Social-democrata (JSD), no Vimeiro, através de comunicação do partido, sem explicações.
Já hoje, o PSD, pela voz do primeiro vice-presidente e coordenador da direção nacional social-democrata, Jorge Moreira da Silva, numa declaração aos jornalistas, na sede do seu partido, em Lisboa, sugeriu que foi o "irrealismo" do PS que impediu o acordo de médio prazo proposto pelo Presidente da República, manifestando-se "de consciência absolutamente tranquila", quanto ao seu empenho neste processo.
A crise política arrasta-se há duas semanas, depois das demissões do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a 01 de julho, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, no dia seguinte.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, não aceitou a demissão de Portas - que justificou o pedido por ser contra a escolha de Maria Luís Albuquerque para substituir Gaspar - e a maioria PSD/CDS-PP apresentou ao Presidente da República e publicamente, a 06 de julho, um compromisso até ao final da legislatura, que passaria, nomeadamente, por uma remodelação com Paulo Portas no lugar de vice primeiro-ministro.
A 10 de julho, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, fez uma comunicação ao país na qual não se referiu à solução que lhe foi proposta pela maioria e na qual propôs um "compromisso de salvação nacional" entre PSD, PS e CDS, que inclui eleições a partir de junho de 2014.
Na sequência desta proposta, os três partidos iniciaram as conversações no passado domingo, que culminaram no anúncio de sexta-feira, de António José Seguro, sobre a não existência de acordo.
