Seguro acusa Governo de estar fora de "consenso" sobre gestão europeia de dívida
O secretário-geral do PS, António José Seguro, acusou esta quarta-feira o Governo de estar fora do "consenso" existente na sociedade portuguesa em torno do crescimento económico e de uma gestão parcial da dívida soberana por parte da Europa.
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"Crescimento económico e uma gestão europeia da dívida, em termos parciais, são matérias de consenso na sociedade portuguesa. Quem é que está fora desse consenso ? O Governo. Lamentável", considerou Seguro, que falava à margem de uma visita à associação CAIS, em Lisboa.
Questionado sobre a sua posição em torno da dívida portuguesa, e após o eurodeputado do CDS-PP ter questionado a mesma, o socialista diz que fala sobre a mutualização e renegociação da dívida "há muito tempo".
"Falo sobre a mutualização e renegociação da dívida há muito tempo. Há mesmo muito tempo, desde 2011, 2012, que tenho falado nessa necessidade. E não vi nenhum problema. E falo também com os nossos credores. E falo com outros líderes europeus. O problema está na falta de vontade política", apontou.
O socialista diz ainda que a Europa "já carregou demasiado sobre os portugueses", e reiterou a necessidade da mutualização parcial da dívida.
"Qual o problema da UE fazer uma mutualização parcial dessa dívida ? Não é a UE que está interessada, e bem, no equilíbrio das contas públicas ? Então que faça o equilíbrio das contas públicas, já agora, diminuindo os lucros que os mercados financeiros têm. Porque já carregou demasiado sobre os portugueses", declarou Seguro.
O secretário-geral do PS diz que Portugal quer "honrar" a dívida mas deve fazê-lo com "vontade política" assente numa "estratégia credível".
"[Queremos] Mais tempo para o ajustamento e renegociar as nossas condições: taxas de juro mais baixas, período de carências, maturidades mais alargadas. Nós queremos honrar a nossa dívida. Nós devemos pagar até ao último cêntimo mas devemos fazê-lo através de uma estratégia credível", advogou.
O eurodeputado do CDS-PP Nuno Melo afirmou na terça-feira que a decisão do PS de acompanhar a discussão da petição pela reestruturação da dívida de um projeto de resolução "contrasta com o pensamento escrito" de António José Seguro, que, citou, disse que reestruturar seria uma "tragédia nacional".
O também vice-presidente do CDS-PP citou uma entrevista do atual secretário-geral do PS ao jornal oficial socialista, quando era candidato à liderança do partido em que afirmava ser "contra a reestruturação da dívida, porque seria uma tragédia nacional".
"Estou a falar do secretário-geral do PS, exatamente aquele que também diz que não promete nada que não possa cumprir. Esta é uma promessa feita em campanha, no caminho que o levou à liderança do PS e com adjetivos que não têm sequer dupla interpretação.