O secretário-geral do PS, António José Seguro, desafiou, este sábado à tarde, Pedro Passos Coelho a procurar junto dos restantes líderes europeus uma forma de travar "a receita" que França e Alemanha querem impor ao Governo português e ao espaço comunitário, e avisou que "a Europa está capturada".
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"Se hoje eu fosse primeiro-ministro, a uma semana do Conselho Europeu, não estaria sentado no meu gabinete em S. Bento", enquanto "Merkel e Sarkozy decidem qual a estratégia do Governo português" e, "ao jantar ou ao almoço, impõem a sua receita europeia a outros líderes", declarou Seguro, numa convenção autárquica do PS/Gaia.
O líder socialista recusou, assim, que Passos Coelho aguarde "calmamente" enquanto a chanceler alemã e o presidente francês definem o rumo comunitário. Pelo contrário, diz que se fosse primeiro-ministro, "já tinha falado com outros líderes e chefes de Governo" para "mostrar que a Europa não é controlada por dois estados sozinhos": França e Alemanha.
Resposta a Paulo Portas
"A Europa está capturada pela senhora Merkel e pelo senhor Sarkozy. E é preciso haver sensibilidade dos outros líderes europeus, e particularmente do primeiro-ministro português", para travar as imposições.
"Um país como o nosso tem de ter um pensamento estratégico sobre a Europa", defendeu o secretário-geral do PS, que também respondeu ao apelo de consenso nacional que Paulo Portas lançou, após Sarkozy ter revelado a vontade da França e da Alemanha em criar um novo tratado europeu, e de Merkel em garantir que a união orçamental está prestes a ser criada.
O amplo consenso em torno da Europa "sempre existiu", diz Seguro, e se agora "não existe é porque o Governo se afastou do consenso político que tem estado assente na defesa do interesse nacional", respondeu, perante o apelo do ministro dos Negócios Estrangeiros.
"Quem está sozinho" não é o PS, garante o líder, "mas o Governo de Portugal" que "recebe ordens de Merkel".
Seguro aproveitou para reafirmar propostas como a necessidade de um Banco Central Europeu "mais activo" com um sistema de "emissão de moeda", mesmo que isso crie "alguma inflacção que se for controlada será mínima". Taxas sobre transacções financeiras e a criação dos 'eurobonds' foram outras propostas que voltou a referir.