Seguro exige a Passos que "cortes no Estado" sejam primeiro apresentados aos portugueses
O secretário-geral do PS exigiu, esta sexta-feira, ao primeiro-ministro que o corte de quatro mil milhões de euros na reforma do Estado seja apresentado primeiro aos portugueses e que especifique por empresa o corte nas rendas da energia.
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Estas questões foram levantadas por António José Seguro no debate quinzenal, na Assembleia da República, marcado por mais uma discussão tensa com Pedro Passos Coelho.
"Senhor primeiro-ministro, não esconda dos portugueses o corte de quatro mil milhões de euros e diga aqui hoje no Parlamento quais são os cortes e onde é que vai fazê-los na saúde, na educação e na proteção social. Não entregue à 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) um plano de cortes sem primeiro o apresentar aos portugueses e discuti-lo no Parlamento", disse Seguro.
Logo na sua primeira intervenção, o secretário-geral do PS atacou o primeiro-ministro, sustentando que estava em causa a sua credibilidade e dando como exemplo o facto de, na sua perspetiva, o Governo nunca ter esclarecido qual a decomposição por empresa, assim como o período de longevidade, resultante do corte de cerca de 1,8 milhões de euros nas rendas de energia.
O líder socialista disse que espera por essa resposta há vários meses (desde junho de 2012), mas que ainda não a obteve, levando-o, por isso, a colocar a hipótese de estar perante "propaganda" e de "o primeiro-ministro estar a esconder dos portugueses" o que na realidade se passa nessa matéria.
Perante estas questões, Pedro Passos Coelho respondeu que a poupança de 1753 milhões de euros com o corte das rendas na energia se estende até 2020, que esta linha de ação do executivo está inscrita no memorando da 'troika' e que "visa corrigir o défice tarifário".
O primeiro-ministro disse ainda que a decomposição do corte nas rendas da energia, por área de atividade, "não houve nenhum jornal que não a publicasse discriminada".
"Dado o caráter público e oficial desta explicação, que ocorreu há bastante tempo, não me pareceu que o senhor deputado requeresse alguma informação mais detalhada", alegou.
Depois, o primeiro-ministro justificou o motivo de não haver informação detalhada por operador, ou por empresa, no corte das rendas da energia.
"O senhor deputado quer saber quanto é que cada empresa produtora de energia contribuiu para a solução, mas a isso não lhe posso responder porque não sei, já que não sou o 'chairman' da EDP, nem 'o chairman' de qualquer outra empresa produtora", disse.
A seguir, dirigiu-se a Seguro diretamente: "Não percebe a diferença entre aquilo que são as negociações feitas para rever as rendas que estão estimadas e a forma como em cada empresa se forma o respetivo valor".
"Eu não respondo por cada uma das empresas. No entanto, no caso específico da EDP com os CMEC (Custos de Manutenção de Equilíbrio Contratual), contabilizou-se em cerca de 165 milhões de euros", acrescentou.