O deputado João Semedo defendeu hoje, sexta-feira, que o facto de não ter sido possível provar a origem do "conhecimento informal" do primeiro-ministro sobre a tentativa de compra da TVI pela PT impossibilitou concluir que José Sócrates "mentiu".
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"Não é possível admitir que o Governo não conhecesse o negócio quando ministro da tutela (Mário Lino) soube do comunicado da CMVM, quando houve notícias nos jornais de dia 23 e dia 24 (de Junho de 2009). Nenhum Governo pode responder que não conhecia", afirmou o deputado relator da comissão de inquérito à tentativa de compra da TVI.
Em declarações à Lusa, João Semedo defendeu que "quando o primeiro-ministro disse que nada sabia do negócio", no Parlamento, "procurou iludir a natureza e a fonte do conhecimento que tinha sobre o negócio".
"O que é que primeiro-ministro pretendeu dizer quando afirmou que "nada sei disso, não conheço isso, o Estado não tem nada a ver com isso, pergunte à PT? O primeiro-ministro procurou iludir a natureza e a fonte do conhecimento que tinha sobre o negócio", afirmou Semedo.
Se a comissão conseguisse provar qual tinha sido "a origem e a fonte do conhecimento informal" de José Sócrates poder-se-ia dizer que o primeiro-ministro tinha mentido por, nessa circunstância, haver provas, disse Semedo.
"E, portanto, se estivesse confirmado que a fonte lhe disse e que ele (o primeiro-ministro) sabia por esta fonte, ele só podia ter respondido de outra maneira, e se não respondeu de outra maneira é porque está a mentir. Isso nós não demonstrámos. Se alguém demonstrar, tudo bem não há problema nenhum", acrescentou.
A comissão de inquérito à actuação do Governo na tentativa de compra da TVI foi criada pelo PSD e BE para apurar "se o Governo, directa ou indirectamente, interveio na operação conducente à compra da TVI e, se o fez, de que modo e com que objectivos".
Visa ainda "apurar se o senhor primeiro-ministro disse a verdade ao Parlamento, na sessão plenária de 24 de Junho de 2009", quando disse não ter sido informado da operação.
O deputado valorizou a conclusão da sua proposta de relatório segundo a qual o primeiro sabia do negócio no momento em que afirmou não saber, no dia 24 de Junho no Parlamento.
João Semedo rejeitou as críticas do líder parlamentar do PS, Francisco Assis, afirmando que o relatório "provou aquilo que o PS sempre negou, que o primeiro-ministro sabia" da operação.
Francisco Assis afirmou que a proposta de relatório evidencia que "quem se empenhou numa campanha caluniosa contra o primeiro-ministro não foi capaz de demonstrar essas acusações".
"O PS passou os últimos meses a maltratar esta comissão porque afirmava a pés juntos que o primeiro-ministro não sabia. E afinal sabia. Cabe aos cidadãos fazerem o seu juízo político", afirmou por seu lado João Semedo.