O antigo presidente da República e histórico socialista, Mário Soares, afirmou estar contra a negociação de um acordo político envolvendo o PS e avisou o secretário-geral do partido para os riscos de uma cisão, caso isso aconteça.
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"Não gosto nada dessa negociação e espero que a negociação dê zero, porque não acredito que, se se diz que o Governo é um governo que está morto, depois o faça renascer", declarou o ex-chefe de Estado aos jornalistas que o questionaram sobre o compromisso partidário pedido pelo presidente da República, Cavaco Silva.
Mário Soares, que falava à margem da apresentação oficial da candidatura autárquica do atual presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, adiantou ainda que espera que o secretário-geral do PS não avance para um acordo, admitindo que, caso António José Seguro o faça, ficará "muito contrariado".
"Não vai haver cisão [dentro do PS] desde que não haja acordo, porque se o há com certeza que haverá", sublinhou.
Questionado sobre a visita do presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, às ilhas Selvagens, na Madeira, considerou que este não é o momento ideal, mas salientou que se trata de um local a preservar, recordando que foi o primeiro chefe de Estado a visitá-las.
A crise política arrasta-se há duas semanas, depois das demissões do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, terem criado um conflito aberto na coligação governamental PSD/CDS.