Depois do aperitivo de uma entrevista de fundo, o prato principal. Ou melhor: a primeira refeição de comentário político televisivo, servida na RTP por José Sócrates, que há quase uma década se estreou nestas andanças, antes de ser primeiro-ministro. Num "taco-a-taco" à distância - e na TVI, canal concorrente - com um veterano destas lides. Marcelo Rebelo de Sousa de seu nome. Com currículo de ex-líder partidário. Tal qual como Sócrates.
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Não podia ser mais apimentada, do ponto de vista político, a refeição de ontem. Porque fechou uma semana em que o país assistiu a uma enorme agitação - uma moção de censura que marcou a rotura do PS com o Governo, o inesperado anúncio da demissão do ministro Miguel Relvas e, finalmente, o mais esperado chumbo do Tribunal Constitucional a quatro artigos do Orçamento do Estado para 2013, que deixou o Governo à beira de um ataque de nervos e levou o presidente da República a convocar o primeiro-ministro.
Nem Sócrates, nem Marcelo se furtaram, naturalmente, a comentar estes temas. Nem estes nem outros, com a mordacidade reconhecida a ambos - políticos experimentados e comentadores com a lição, já se sabe, muito bem estudada.
O ex-chefe do Governo fê-lo, aliás, com visível satisfação. Admitindo mesmo pronunciar-se sobre um tema que não estaria no "guião", a comparação entre as polémicas da licenciatura de Miguel Relvas e da sua. "Não sou um filho do insucesso escolar", atirou, acusando de má-fé quem estabelece paralelismos entre os dois casos.