"Vice" da bancada do PS diz que pode ficar em causa o regular funcionamento das instituições
O vice-presidente da bancada do PS Ricardo Rodrigues defendeu hoje a necessidade de uma intervenção preventiva do Presidente da República, alegando que poderá estar em causa, a prazo, o regular funcionamento das instituições.
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Ricardo Rodrigues falava aos jornalistas após a conferência de líderes, ocasião em que reiterou a necessidade de uma intervenção do chefe de Estado, mas, desta vez, colocando o cenário de a prazo estar em causa o regular funcionamento das instituições.
"Se as oposições por regra se começarem a unir contra o Governo, no sentido de governarem pela Assembleia da República, tem de haver um esclarecimento de alguém que zela pelo normal funcionamento das instituições", justificou o vice-presidente da bancada do PS.
Ricardo Rodrigues referiu-se depois ao facto de, para sexta-feira, estar prevista a votação da proposta de alteração ao Orçamento para 2009 - documento que considerou "essencial para o país.
"Imagine-se que sexta-feira toda a oposição se junta outra vez [contra o Governo]. Ora bem, então teremos de alertar o país que tudo tem que ter limites. Não sei se isso vai acontecer ou não, mas é preciso que fique claro o seguinte: governar é Governo e legislar é Assembleia da República", sustentou.
Já sobre o alcance da intervenção "preventiva" de Cavaco Silva, Ricardo Rodrigues negou que o PS esteja com esta atitude a pressionar o chefe de Estado.
"O senhor Presidente da República nomeou este primeiro-ministro, que tomou posse e que compareceu perante a Assembleia da República para governar. Ora bem, ele tem que governar e o normal funcionamento das instituições significa isso", disse.
No entanto, de acordo com Ricardo Rodrigues, caso se mantenha uma pressão sobre o Governo exercida "pelo Governo da Assembleia da República [da oposição], claro que fica em causa o normal funcionamento das instituições".
"Por isso mesmo é necessário que alguém que zela pelo regular funcionamento das instituições possa esclarecer os portugueses, a Assembleia e o Governo, em relação ao seu entendimento sobre a matéria. Não estou a pressionar ninguém", sustentou.
Segundo a lógica deste dirigente socialista, "se é verdade que um simples caso ou facto não põe em causa a governabilidade, aprovar duas, três, quatro ou cinco leis pode pôr em causa o sistema".
"Achamos que há que ter aqui alguma prevenção, quer seja para discordar ou para concordar. Não há aqui nenhuma pressão sobre ninguém, muito menos no sentido em que essa intervenção [do Presidente da República] deve ser dirigida", frisou ainda o vice-presidente da bancada socialista.