O vice-presidente da bancada socialista Pedro Nuno Santos esclareceu, esta quinta-feira, que nunca defendeu que Portugal deixe de pagar a dívida aos países credores, mas diz que esta é "uma arma negocial". No sábado, considerou que esta é "uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses", em declarações captadas pela Rádio Paivense FM.
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Essas declarações "são alguns segundos de uma intervenção muito longa, mas não fiz a apologia ao não pagamento da dívida", garantiu Pedro Nuno Santos, esta quinta-feira, à agência Lusa.
"Aquilo que quis dizer é que um Governo na situação em que o nosso está deve usar todas as armas negociais para impor melhores condições e, de certa forma, aliviar os sacrifícios que têm sido impostos ao povo português. E isso reafirmo", acrescentou.
Num jantar de Natal do PS, em Castelo de Paiva, no sábado, o vice-presidente da bancada do PS referiu que Portugal devia ameaçar deixar de pagar a dívida nacional.
"Nós temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses - ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos. As pernas dos banqueiros alemães até tremem", disse, na altura, em declarações captadas pela Rádio Paivense FM e retransmitidas pela Renascença, esta quinta-feira.
"A primeira responsabilidade de um primeiro-ministro é tratar do seu povo. Na situação em que nós vivemos, estou-me marimbando para os credores e não tenho qualquer problema enquanto político e deputado de o dizer", acrescentou Pedro Nuno Santos no jantar.
"Eu fiz uma intervenção num jantar de militantes num registo mais popular e informal, mas reafirmo o que quis dizer", assegurou à Lusa o também presidente da Federação de Aveiro do PS.
"Vivemos uma crise existencial na Europa, não estamos num tempo de falinhas mansas e se tivermos de optar entre os interesses dos países credores e os interesses do povo português, não hesitarei - e acho que nenhum político deve hesitar - na defesa dos interesses do povo português", explicou.
"Há limites para os sacrifícios que se pode impor a um povo e se a situação económica em Portugal continuar a agravar-se, o Governo português - como qualquer Governo de países periféricos em dificuldades - deve usar todas as armas negociais que tiver ao seu dispor para conseguir melhores condições para o crescimento económico e até para o pagamento da própria dívida", adiantou ainda, acrescentando que "foi com este objectivo que fez aquelas declarações".
Sublinhando que a dívida de Portugal é "uma arma negocial", Pedro Nuno Santos defendeu também que os países periféricos endividados "deviam constituir uma aliança - tal como faz a França e a Alemanha - e pressionar mudanças na União Europeia que permitam não sacrificar mais os povos".