Vieira da Silva desvaloriza divergências Governo/PSD e defende necessidade de mostrar "entendimento comum"
<p>O ministro da Economia desvalorizou hoje, quarta-feira, a influência das divergências entre Governo e PSD sobre o Orçamento do Estado (OE) nas avaliações dos mercados, mas considerou ainda que é preciso mostrar que existe "um entendimento sobre os problemas". </p>
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Em declarações aos jornalistas no intervalo para almoço do segundo e último dia de debate no Parlamento sobre a proposta do Governo para o OE de 2011, onde cerca de uma hora antes a antiga presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, interveio, o ministro Vieira da Silva comentou que "há quem tenha a percepção da situação que se vive, há quem não a tenha ou que finja não ter".
"A doutora Manuela Ferreira Leite tem a percepção da situação que se vive", sustentou.
Sobre a tensão entre Governo e PSD, Vieira da Silva considerou que "poderá haver muitas divergências relativamente aos caminhos, mas há alturas em que a situação é mais importante que essas divergências".
"É bom que as divergências se manifestem, sempre, mas também é bom que saibamos distinguir os momentos em que tem mais peso os objectivos do que a importância dessas divergências", sustentou, lembrando que "o debate democrático não quer dizer incapacidade de entendimento".
O ministro destacou ainda: "Podemos manifestar-nos, aqui ou acolá, talvez mais acaloradamente -- desejavelmente menos acaloradamente -, podemos manifestar as nossas diferenças, mas é muito importante que o Mundo e o país saibam que, sobre um conjunto de questões fundamentais, nós temos um entendimento, uma visão comum sobre os problemas e sobre a necessidade de os enfrentar".
"Era bom que [as diferenças] fossem eventualmente mais contidas, mas infelizmente julgo que as dinâmicas dos mercados assentam em factos mais pesados e complexos que isso", disse, referindo que a única solução que resta a Portugal é "fazer o seu trabalho: aprovar o Orçamento e cumpri-lo".
O ministro desvalorizou ainda críticas da oposição sobre a ausência de política económica no OE, salientando que "há um conjunto de instrumentos de política económica" na proposta do Governo.
"Nenhum deles terá qualquer eficácia se não soubermos, ao mesmo tempo, responder aos problemas do endividamento externo e do financiamento da nossa economia.
Se isso não é política económica, o que é que é política económica?", perguntou.
Vieira da Silva escusou-se ainda a comentar a mensagem divulgada nas redes sociais por Cavaco Silva, que se recandidata a um segundo mandato presidencial, a propósito do debate parlamentar sobre o OE.
Cavaco Silva escreveu que o Presidente da República "não pode contribuir para o espectáculo público de cinismo ou de agressividade", uma mensagem que o ministro não quis comentar, alegando não ser frequentador das redes sociais.