Mais de 900 pessoas subscreveram um abaixo-assinado em que declararam que três arguidos no processo da chamada "Máfia do Vale do Sousa", actualmente em prisão preventiva, são "gente de trabalho, honestos e cordiais".
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"Mais declaram, sem questionarem os motivos pelos quais foram detidos e que serão julgados pelo tribunal, que os mesmos, pessoalmente, não representam qualquer perigo, nem intimidam ou provocam receio nos signatários", afirmam as 919 pessoas que assinaram o texto a que a agência Lusa teve acesso.
No documento, que tem como primeiro subscritor do documento o advogado Fernando Moura, representante legal de pelo menos um dos três indivíduos, acrescenta-se que, "caso venham a recuperar a liberdade", os arguidos "serão bem acolhidos nesta região, como jovens de excelente convívio, bons cidadãos, ligados à população, no seio da qual cresceram e viveram e que sempre respeitaram".
Em causa estão os vendedores de peixe Américo Moreira da Silva, Augusto Barbosa e António Ferreira - os chamados "peixeiros" de Penafiel - detidos em Maio, com mais 30 pessoas, no âmbito de uma megaoperação da Polícia Judiciária relacionada com crimes como extorsão, tentativa de homicídio, tráfico de armas e associação criminosa.
De acordo com os indícios recolhidos, o grupo obrigaria proprietários de estabelecimentos de diversão nocturna a pagar-lhe uma mensalidade para terem segurança. Em caso de rejeição, retaliaria com ameaças com armas e actos de vandalismo.
A investigação ao caso da chamada "Máfia do Vale do Sousa" foi desencadeada após uma agressão, em Paredes, a um subcomissário da PSP.
O arguido Américo Silva contestou, entretanto, uma segunda declaração de excepcional complexidade do processo, depois de uma primeira ter sido revogada pela Relação do Porto, e pediu ao Conselho Superior do Ministério Público a abertura de um processo de averiguação à actuação do procurador do caso.