Nas cartas de despedida, Aires Ferreira, ex-presidente da Câmara de Moncorvo, e Alice Brito deixaram claro que os corpos serão cremados e as cinzas atiradas ao rio Sabor. Amigos e família em estado de choque.
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No dia seguinte ao pacto de suicídio do ex-presidente da Câmara de Moncorvo, Aires Ferreira, 59 anos, e da ex-mulher, Alice Brito, de 55, o impacto dessa invulgar decisão é visível na vila moncorvense com os comentários a incidirem nas eventuais causas para o sucedido.
Os cadáveres foram autopsiados, quarta-feira, no Hospital de Mirandela e, ao JN, fonte segura disse que Aires e Alice não sofriam de doença terminal. Ela morreu com um tiro na nuca e ele também com um tiro na cabeça.
"Nunca comentou que tinha qualquer doença grave e recentemente até fez análises e exames complementares de diagnóstico porque tinha intenção de doar um rim a um dos irmãos, que está a fazer hemodiálise", revelou, ao JN, um amigo de longa data do ex-autarca que não se quis identificar. "Ele sentia--se traído por alguns dos ditos amigos", acrescenta este companheiro de partido, confirmando que Aires e Alice tinham reatado a sua relação há pouco tempo.
Também a presidente da Câmara de Alfândega da Fé, Berta Nunes, que conviveu de perto com Aires Ferreira nas lides autárquicas e partidárias disse "não ter indicação que ele tivesse alguma doença terminal, mas tinha indicações", salientou, "com base na minha experiência de médica, que teve alguns períodos de depressão", conta.
O quadro depressivo também é corroborado por Rosário Moreno. "Sempre disse que ele não andava bem, tinha um comportamento muito melancólico, triste e abatido", afirma esta habitante de Moncorvo.
No blogue "Moncorvo e Cidadania", criado em março, Aires Ferreira revelou algumas facetas da sua vida política e pessoal: "Saí da Câmara mais pobre do que entrei. Não tenho património acrescido, nenhuma conta bancária fora de Moncorvo e a tal grande reforma é de pouco mais de 1500 euros/mês líquidos."
No blogue, caracteriza a atuação do Executivo liderado pelo PSD, que lhe sucedeu nas autárquicas de setembro, "erráticas e em cultura democrática, com gosto pela coação". Finalmente, sobre a ex-mulher, Aires Ferreira afirmava que o atual presidente afastou a companheira do cargo de diretora da Escola Sabor Artes. "Alice Brito é também vítima de inveja e mesquinhez", escreveu o ex-autarca.