<p>Domingos Paiva Nunes, administrador da EDP Imobiliária, um dos arguidos do caso "Face Oculta", vai conhecer a decisão sobre as medidas de coacção depois de amanhã, após ter sido ouvido durante a tarde e princípio da noite de ontem, terça-feira.</p>
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Paiva Nunes, que suspendeu as funções de vogal do Conselho de Administração da EDP Imobiliária na sequência do caso "Face Oculta", é apontado pela investigação como tendo sido apresentado ao empresário Manuel José Godinho, que se encontra em prisão preventiva, por Armando Vara em Maio passado. O seu interrogatório prossegue sexta-feira, segundo informação judicial.
Godinho e Paiva Nunes tiveram diversos encontros em alguns hotéis lisboetas e ainda nas instalações da EDP e recebeu do empresário de Ovar um carro de alta cilindrada de marca "Mercedes", que pediu e lhe foi entregue em Junho no Furadouro com vista a beneficiar de algumas negócios, nomeadamente no Porto e no Pocinho. O "Mercedes" viria a ser apreendido pela Polícia Judiciária de Aveiro no passado dia 28 de Outubro. Paiva Nunes e o seu advogado, Castanheira Neves, entraram e saíram em silêncio das instalações do DIAP em Aveiro.
Entretanto, o braço-direito de Manuel José Godinho, Namércio Pereira Cunha, ouvido durante dois dias pelo Ministério Público e pelo juiz de instrução criminal, foi ontem obrigado a prestar uma caução de 25 mil euros no prazo de dez dias para continuar em liberdade.
Namércio Cunha é o segundo arguido do caso "Face Oculta" que está indiciado por um crime de associação criminosa e é-lhe apontada também a prática de dois crimes de corrupção passiva, estando proibido de sair do país sem autorização do tribunal e não pode contactar, directa ou indirectamente, por si ou por interposta pessoa, com os restantes arguidos. A sua defensora, Dália Martins, disse aos jornalistas que vai "aguardar serenamente o desenrolar de todo o processo" e que não irá recorrer das medidas de coacção que foram aplicadas. De acordo com a investigação, Namércio Cunha era quem estabelecia a ponte entre o empresário Manuel José Godinho - que também está indiciado pela prática de um crime de associação criminosa para além de outros 29 crimes - e a REN, empresa presidida por José Penedos.