O presidente da Câmara de Lisboa disse, esta quarta-feira, que é "necessário esclarecer a autoria e motivação" de um relatório com informações sobre o irmão, o jornalista Ricardo Costa, encontrado na posse do ex-diretor do SIED e que inclui o autarca.
Corpo do artigo
António Costa disse à Agência Lusa ter tido conhecimento do relatório detalhado sobre o seu irmão, o diretor do jornal Expresso, encontrado na investigação aos aparelhos eletrónicos apreendidos ao ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) Silva Carvalho, e que está "totalmente solidário" com o irmão.
"Para já, é preciso esclarecer a autoria e a motivação de um documento daquela natureza sobre um jornalista", afirmou à Lusa à margem da reunião de câmara desta quarta-feira.
Ressalvando que o relatório é sobre Ricardo Costa e não sobre si próprio, mas que também o inclui, o autarca socialista afirmou que é "um mero figurante" no documento encontrado na posse de Silva Carvalho.
O Diário de Notícias afirma, esta quarta-feira, que o relatório demonstra que António Costa tem acesso a informações classificadas e se relaciona com a Polícia Judiciária, passando pelo acesso à informação no caso Casa Pia (enquanto líder parlamentar do PS) ou pelo uso da antiga Direção Central de Combate ao Banditismo "como plataforma de contactos e influência", cuja cantina usava "regularmente" para ter contactos informais com pessoas ligadas ao Serviço de Informações Secretas (SIS).
"No que me diz respeito, o texto tem afirmações verdadeiras, como seja que sou irmão do meu irmão, e tem afirmações absolutamente falsas, como que eu sou frequentador da cantina da DCCB, onde nunca tive o gosto de almoçar", afirmou o presidente da Câmara de Lisboa.
Depois, acrescentou, "tem coisas públicas que são verdade", como a oposição a que "os serviços de informações pudessem fazer escutas telefónicas", e outras "publicamente sabidas que são falsas, como ser defensor da transferência da judiciária para o Ministério da Administração Interna".
Questionado pela Lusa sobre a especificidade do acesso à informação no caso Casa Pia e o uso da sua influência, como noticia o DN, António Costa disse que esses pontos "não têm novidade quanto a notícias publicadas no passado".
Sobre o 'caso secretas', no geral, o ex-ministro da Justiça e da Administração Interna mostrou-se "indignado com o mau uso dos serviços públicos".
O antigo chefe do SIED Jorge Silva Carvalho está acusado de acesso indevido a dados pessoais, abuso de poder e violação de segredo de Estado. Outro dos arguidos do caso das 'secretas' é o presidente do grupo de 'media' Ongoing, Nuno Vasconcellos, que o Ministério Público acusou de corrupção ativa.
Jorge Silva Carvalho pediu a exoneração do cargo de diretor do SIED a 8 de novembro de 2010, tendo, a 2 de janeiro de 2011, iniciado funções na Ongoing, mas manteve contactos regulares com dirigentes intermédios do SIED que promovera ou apoiara e continuou a ter acesso a documentação daqueles serviços.