A Direção-Geral dos Serviços Prisionais arquivou o inquérito aberto na sequência do suicídio no Estabelecimento Prisional de Lisboa do homicida confesso da mulher, filha e neta, em Beja, revelou, esta terça-feira, fonte oficial.
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De acordo com fonte da Direção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP), o inquérito foi arquivado por se ter concluído que "não houve ato imputável a qualquer funcionário que pudesse indiciar responsabilidade disciplinar ou outra".
Elaborado por um procurador dos serviços de auditoria e inspeção da DGSP, o inquérito foi aberto a 17 de fevereiro, dia em que Francisco Esperança, suspeito de ter assassinado à catanada a mulher, a neta e a filha e de ter mantido os corpos em casa quase uma semana, foi encontrado morto na cela onde se encontrava no Estabelecimento Prisional de Lisboa.
Francisco Esperança, um antigo bancário de Beja de 59 anos, foi detido no dia 13 de fevereiro depois de ter matado a mulher, de 53 anos, a filha, de 28, e a neta, de quatro anos. Os corpos foram encontrados em casa da família e o crime terá ocorrido quase uma semana antes da detenção.
A fonte da DGSP explicou à Lusa que "não existia qualquer indiciação" de que Francisco Esperança iria cometer suicídio e que as rondas no EPL foram efetuadas com a "regularidade necessária que o caso exigia".
Na altura do suicídio do triplo homicida, o diretor-geral dos Serviços Prisionais, Rui Sá Gomes, disse que o recluso teve de sair da cadeia de Beja "por razões de segurança", tendo sido transferido para o EPL, e que "tinha rondas muito apertadas e muita vigilãncia".
Segundo uma nota da DGSP, divulgada na mesma data, o recluso foi observado pelo enfermeiro de serviço à chegada ao EPL e estava "calmo, consciente e orientado".
O corpo de Francisco Esperança foi encontrado dia 17 de fevereiro na cela do EPL, para onde tinha sido transferido na tarde do dia anterior. Dois dias antes, o Tribunal de Beja tinha determinado como medida de coação a prisão preventiva.
A autópsia ao cadáver, realizada a 20 de fevereiro, confirmou a morte por asfixia na sequência de enforcamento na cela.
De acordo com fonte do INML, a morte deveu-se a asfixia mecânica por o homem se ter enforcado com os lençóis da sua cela.
O cadáver foi depois reclamado, junto do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), em Lisboa, por uma pessoa das suas relações, tendo o funeral sido realizado para um cemitério da zona de Lisboa a 6 de março, onde foi sepultado numa campa em terra.
Por seu turno, o inquérito instaurado na altura no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa na sequência da morte de Francisco Esperança também já foi arquivado, por despacho de 23 de fevereiro.
Fonte da PGR explicou que o inquérito foi arquivado porque, "dos dados colhidos, resultou tratar-se de ato voluntário do próprio, excluindo claramente a intervenção de terceiros".
Em Beja, cidade onde ocorreram os crimes, o Ministério Público ainda não arquivou o inquérito relativo ao triplo homícidio da família, por aguardar relatórios que estão a ser elaborados, segundo fonte da Procuradoria-Geral da República.
Os cadáveres da mulher, filha e neta foram encontrados, a 13 de fevereiro, na casa da família, na rua de Moçambique, em Beja,
Na altura dos factos, o homem alegou ao Ministério Público de Beja que tinha cometido os crimes por a família atravessar problemas financeiros e ter dívidas à banca.
O homicida confesso, que já tinha cumprido pena de prisão por um desfalque no banco onde trabalhou, referiu que o banco lhe terá transmitido que iria colocar em hasta pública os seus bens.
As vítimas foram degoladas com "golpes profundos" na zona do pescoço, efetuados com uma catana, mas a cabeça não ficou separada do restante corpo.