<p>O presidente do banco BPI, Fernando Ulrich, manifestou-se hoje, sexta-feira, "muito preocupado" com o alastramento do "clima de desconfiança" gerado pelas revelações em torno do processo "Face Oculta".</p>
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"Estou muito preocupado com este conjunto de situações que vão surgindo porque à medida que estas situações vão sendo divulgadas vai-se alargando um clima de desconfiança nas pessoas e nas instituições, o que é muito grave", disse, à margem da cerimónia de inauguração da nova fábrica de papel do grupo Portucel-Soporcel, em Setúbal.
Fernando Ulrich considerou ainda "muito importante" que a investigação a este caso decorra "o mais rápido possível" e desafiou os visados a explicarem-se e defenderem-se publicamente.
"Se estamos num mundo em que, por força das circunstâncias, estes dados vêm a público e há quase um julgamento popular prévio, a sugestão que eu faço é que as pessoas visadas se expliquem e se defendam na praça pública porque se não o que vai alastrando é um clima de grande desconfiança nas pessoas e nas instituições", frisou.
Para o banqueiro, a situação devia, além disso, "merecer a atenção dos principais responsáveis" nacionais.
"São cada vez mais as situações, as pessoas e as organizações abrangidas e vai-se criando um clima de desconfiança. Nós vamos começando a não saber em quem podemos confiar e acreditar e, no nosso íntimo, todos os dias vamos perdendo um bocadinho de respeito por aqueles com quem temos de lidar em funções de responsabilidade. Isso é muito grave e deve merecer a atenção dos principais responsáveis do nosso país", disse.
A Polícia Judiciária (PJ) desencadeou no dia 28 de Outubro a operação "Face Oculta" em vários pontos do país, no âmbito de uma investigação relacionada com alegados crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais, a que está ligado o empresário Manuel José Godinho, que está em prisão preventiva, no quadro deste processo.
No decurso da operação foram efectuadas cerca de 30 buscas, domiciliárias e a postos de trabalho, e 15 pessoas foram constituídas arguidas, incluindo Armando Vara, vice-presidente do Millennium BCP, José Penedos, presidente da Rede Eléctrica Nacional (REN), e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel José Godinho.
Um administrador da Indústria de Desmilitarização da Defesa (IDD) também foi constituído arguido no processo "Face Oculta", segundo o presidente da EMPORDEF, a holding das indústrias de defesa portuguesas.