A Associação Profissional dos Guardas (APG/GNR) afirmou, domingo, que o incidente registado no sábado num restaurante em Pinhal Novo contraria as garantias do ministro da Administração Interna sobre a segurança pública.
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Em comunicado, a APG/GNR afirma que o episódio no qual morreram dois homens, um deles militar, demonstra que "a criminalidade se tem tornado além de mais violenta, cada vez mais eficaz e sofisticada", e o "oposto" do que sugere o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.
"Contrariamente àquilo que o ministro da Administração Interna tem transmitido que nunca estará em causa a segurança pública, mais uma vez os factos demonstram exatamente o oposto", lê-se no texto do comunicado.
A APG/GNR vaticina que a questão da segurança "certamente piorará, pois a proposta do Orçamento do Estado de 2014 incide em maior desinvestimento tanto na formação, como em meios e equipamentos, bem como os novos ingressos, que serão visivelmente insuficientes".
A associação recorda que "tem vindo a denunciar insistentemente para a diminuição do efetivo, tendo nos últimos quatro anos diminuído cerca de 10 por cento, sendo a vertente operacional a mais sacrificada, estando os Postos Territoriais no limite".
Neste sentido, a APG/GNR critica o Orçamento de Estado para 2014, que afirma demonstrar "uma grande falta de sentido de responsabilidade por parte de quem tem a obrigação de garantir a segurança pública dos portugueses e das forças de segurança".
"Cortar nas forças de segurança será cortar na segurança do cidadão", remata.
"Os sucessivos Governos nunca consideraram a nossa profissão como sendo uma profissão de risco. Está na altura do Governo dizer que tipo de segurança quer para o país", reinvindica a APG/GNR.
No comunicado, a APG/GNR "lamenta a morte de mais um herói, profissional da GNR que cumpriu com o juramento que fez, mesmo não tendo qualquer apoio de quem tem a responsabilidade de o proteger".
A associação afirma lamentar também que episódios como o ocorrido em Pinhal Novo "se venham sucedendo repetidamente sem que a tutela veja a emergência no incremento da eficácia da segurança pública prestada aos cidadãos".
Também a Associação Nacional de Guardas (ANAG-GNR) lamentou a morte do militar de 29 anos, e alerta "a tutela para diversas questões que podem condicionar a operacionalidade da GNR e a segurança dos cidadãos, nomeadamente a falta de cerca de cinco mil efetivos", num comunicado divulgado hoje.
"A ANAG questiona ainda que, face ao aumento da criminalidade com recurso a armas de fogo, e ainda face à redução orçamental na GNR, se o trabalho, a formação e treino dos guardas estará a dar a resposta adequada para o combate ao crime", lê-se no comunicado.
Um homem, que esteve barricado cerca de sete horas num restaurante em Pinhal Novo, Setúbal, na madrugada de hoje, matou um militar da GNR e feriu seis pessoas, tendo sido morto numa operação policial pouco depois das 05:00.
Um militar da GNR foi um dos primeiros a chegar ao restaurante, onde um homem esteve barricado cerca de sete horas. Dos outros sete feridos, quatro também são da GNR, segundo um comunicado da corporação.