Cerca de 150 inspetores da Polícia Judiciária de Porto, Braga e Vila Real saíram, esta quarta-feira de manhã, do Norte em direção a Lisboa, para participar num plenário da Associação Sindical. Prevê-se que cerca de 700 inspetores protestem silenciosamente, ao final da tarde, em frente à Assembleia da República.
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O plenário da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da PJ (ASFIC/PJ) tem por objetivo discutir as medidas do Orçamento de Estado para 2013, de que forma elas vão afetar o trabalho dos polícias, mas também as suas vivências familiares e enquanto cidadãos.
"Desde 2005, e a incluir as medidas do Orçamento de Estado de 2013, calculamos que perdemos cerca de cinco salários mensais por ano. Houve congelamento de progressões, aumentos das contribuições para a ADSE e caixa de aposentações, corte médio de 7% na remuneração mensal, perda do abono de família, a suspensão de pagamentos de subsídios de férias e Natal, tudo isto compilado com a sobretaxa e reescalonamento do IRS, que já fazem parte das novas medidas de 2013, vão por em causa a sobrevivência familiar destes profissionais o que, naturalmente, vai trazer repercurssões do próprio serviço", disse ao JN, Miguel Sousa, vice-presidente da ASFIC/PJ.
No entendimento do sindicalista, os PJ já têm limitações por força de um regime de exclusividade rigoroso, com imposições de deveres especiais, bem como a restrição de certos direitos, inerentes à função de investigação criminal, que não lhes permite procurar atividades complementares remuneradas, para compensar a perda salarial. "Este nosso protesto é sobretudo porque somos cidadãos portugueses", rematou Miguel Sousa.
Os inspetores vão reunir-se em plenário nas instalações da sede da PJ, em Lisboa, para aí decidirem de que forma, enquanto cidadãos, vão organizar-se para lutar contra estas medidas. Uma delegação de sindicalistas vai ser recebida, esta tarde, pela presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, a quem será entregue um manifesto com preocupações.
Os polícias ponderam ainda marchar entre a sede da PJ e a Assembleia, "onde deverão permanecer de forma silenciosa e ordeira, como é sua característica", disse Miguel Sousa.