<p>Ex-ministro do PS deixa Aveiro “frustrado” e com caução de 25 mil euros.<br /></p>
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Para a aplicação destas medidas de coacção, o juiz António Costa Gomes apoiou-se na força de indícios relacionados com um eventual crime de tráfico de influências relativo à abertura de portas junto de responsáveis de duas empresas - a EDP Imobiliária e a Galp - do sector empresarial do Estado, para o favorecimento do empresário Manuel Godinho em negócios na área dos resíduos industriais.
Em contrapartida, de acordo com informações recolhidas pelo JN, o magistrado considera menos fortes indícios relativos a outro ilícito de tráfico de influências, relativamente a eventuais diligências junto do poder político (José Sócrates e o então ministro, Mário Lino) com vista à demissão de uma secretária de Estado e do presidente da Refer, que estariam a colocar problemas à empresa "O2", de Godinho, no âmbito de um contencioso em tribunal.
Tudo isto, segundo o Ministério (MP), a troco de uma contrapartida de 10 mil euros em notas.
O procurador do MP havia pedido uma caução mais elevada: mais de 50 mil euros. Mas o juiz fixou-a em 25 mil.
Por causa dos indícios considerados mais fortes, Costa Gomes optou ainda por proibir Armando Vara de contactar oito arguidos: Manuel Godinho, o seu filho João, o sobrinho Hugo, os colaboradores Maribel Rodrigues e Namércio Cunha; Lopes Barreira (amigo e ex-membro da Fundação Prevenção de Segurança Rodoviária), Paiva Nunes (administrador da EDP Imobiliária) e António Paulo Costa (quadro da Galp).
A medida de coacção visa evitar perigo de perturbação do inquérito. E para dissuadir ainda mais esse risco, o juiz impôs também a obrigatoriedade de uma caução de 25 mil euros.
"Estou a ser indiciado por um crime que não cometi, que foi inventado", afirmou o ex-ministro do PS, ao lado do seu advogado, Tiago Rodrigues Bastos, logo que soube as medidas de coacção. Vara garantiu que vai recorrer das medidas de coacção.
"Não me sinto derrotado mas frustrado. Não cometi nenhum crime", disse Vara. "A minha decepção é por não terem sido aceites os esclarecimentos que dei na sexta-feira, embora grande parte deles fossem tidos em conta", acrescentou, adiantando que a sua posição no processo deveria ser como testemunha.
O ex-ministro do PS tem negado qualquer favorecimento a Godinho e ter recebido 10 mil euros em notas. E diz que apenas recebeu uma caixa de "robalos" e um equipamento