<p>O dono de uma empresa de segurança privada e um militar da GNR estão entre os 15 detidos da operação "Nemesis", uma acção que desmantelou um grupo considerado "altamente perigoso" e supostamente ligado a pelo menos um homicídio e a uma tentativa.</p>
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Numa investigação coordenada pela Unidade Especial de Combate ao Crime Especialmente Violento, a cargo da procuradora Cândida Vilar, do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que durava há cerca de um ano, foi possível desmantelar um grupo considerado pelas autoridades como "altamente perigoso", constituído essencialmente por cidadãos brasileiros, associados à actividade de segurança privada legal.
Em causa está a partilha violenta do mercado da segurança privada em estabelecimentos nocturnos, associada ao tráfico e à extorsão, sendo a primeira vez que as autoridades realizam uma operação desta dimensão, desde que a actividade foi legalizada. Havia o receio de que as rivalidades pudessem vir a produzir um ambiente criminoso que veio a desencadear o processo "Noite Branca", no Porto.
Ao que o JN apurou, um militar da GNR, em serviço no posto da Costa da Caparica, em Almada, foi também detido, por suspeita de passar informações sobre operações policiais à referida organização criminosa e de participar também em actividades de extorsão. O elemento da GNR foi detido por elementos da sua força policial, no decorrer das buscas domiciliárias que foram realizadas na noite de quinta-feira.
Segurança paralela
Na investigação em causa, foi possível aferir que a organização criminosa era composta por elementos de uma empresa de segurança privada, os quais prestavam paralelamente serviço em estabelecimentos de diversão nocturna com particular implantação por toda a Margem Sul do Tejo, Setúbal e algumas áreas de Lisboa. O dono da empresa, a Olho Vivo, foi detido, mas já no ano passado a PJ de Setúbal tinha realizado buscas em sua casa, tendo-lhe sido apreendidas várias armas.
Os suspeitos tinham conhecimento em artes marciais, jiujitsu e o "vale-tudo" e utilizavam muitas vezes grande violência, nas suas investidas de extorsão, cobranças difíceis e na imposição de segurança aos estabelecimentos nocturnos que recusavam os serviços da empresa.
Os suspeitos também terão recorrido a armas de fogo, como foi o caso da tentativa de homicídio na Costa da Caparica, no dia 13 de Dezembro. Em investigação está também um homicídio ocorrido em Setúbal, no ano passado, em que foi vítima o segurança de um estabelecimento nocturno.
Numa operação na qual participaram 600 operacionais, sob coordenação operacional do Gabinete Coordenador de Segurança, do Sistema de Segurança Interna, o que pela primeira vez acontece, foram realizadas dezenas de buscas domiciliárias, a estabelecimentos de diversão nocturna, inclusive na cadeia de Vale de Judeus.
O alvo foi a cela ocupada por Pedro Gameiro - um dos elementos mais importantes do grupo do ex-agente da PSP Alfredo Morais - que está a cumprir pena, havendo suspeitas de, mesmo preso, ter tido estreitos contactos com um elemento do "vale-tudo" envolvido no grupo agora desmantelado e que está no Brasil há dois meses. No Brasil está também um indivíduo que vinha habitualmente a Portugal para realizar operações criminosas e cujo irmão foi detido na operação desta madrugada.