<p>Bruno "Pidá" e os outros acusados da morte do segurança Ilídio Correia optaram pelo silêncio, ontem, terça-feira, no início do julgamento. A sessão decorreu sob segurança máxima, com um cerco policial nunca visto no Palácio da Justiça, no Porto. </p>
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"Para já, não" foi a resposta da generalidade dos arguidos quando questionados pela presidente do colectivo de juízes, Manuela Paupério, se pretendiam prestar depoimento. Por enquanto, a estratégia de defesa de Bruno "Pidá" - que manteve sempre em tribunal um comportamento sereno - foi comum à de Mauro Santos, Fernando "Beckham", Ângelo "Tiné" e Fábio Barbosa ("Suca), os outros cinco suspeitos de envolvimento directo no homicídio de Ilídio Correia, membro do grupo de Miragaia, em 29 de Novembro de 2007.
Também em silêncio ficaram os restantes quatro acusados - José Silva, Pedro Guerra, Paulo Aleixo e Susana Pinto (irmã de "Pidá"), que respondem, na sua maior parte, por crimes de detenção ilegal de arma.
De resto, a audiência limitou-se à identificação dos nove arguidos e à leitura da acusação, que demorou mais de uma hora. E ficou, também, marcada, pelo requerimento do advogado Carlos Macanjo (defensor de Mauro e de "Beckham") para que o julgamento decorresse à porta fechada, sem jornalistas nem público. Para isso, invocou que a publicitação das declarações da testemunhas e arguidos poderia "influenciar e condicionar" os depoimentos. A pretensão foi, contudo, indeferida pelo colectivo de juízes.
Para ontem estava, também, previsto o interrogatório à mãe de Ilídio Correia, que é assistente no processo, mas tal não aconteceu, devido a problemas de saúde, que a levaram a ser hospitalizada. Por ser a única testemunha arrolada, a sessão foi suspensa até à próxima terça-feira.
Classificado como de alto risco - o que motivou a escolha do Palácio da Justiça do Porto, na zona da Cordoaria, em detrimento do Tribunal de S. João Novo - o julgamento não teve incidentes. Desde cedo, foi formado um perímetro de segurança em torno das instalações, com dezenas de elementos da PSP, muitos do Corpo de Intervenção e fortemente armados.
À entrada da sala de audiências, ninguém escapou ao controlo de detectores de metais. No interior, o público (14 pessoas, entre familiares e amigos dos arguidos) assistiu à sessão ordeiramente. Os elementos do GISP (Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais) não tiraram os olhos dos presos preventivos.
Judiciária investiga fogo em carros
A Polícia Judiciária do Porto está a investigar as circunstâncias do incêndio que, ontem de madrugada, em Oliveira do Douro, Gaia, destruiu dois carros de familiares de Hugo Oliveira, testemunha de acusação. Não está descartada a hipótese de o incidente estar relacionado com o processo "Noite Branca".
As viaturas, um Audi A4 e um Volkswagen Polo, eram da mãe e do irmão da testemunha e estavam estacionadas à porta da sua residência. O incêndio foi detectado, cerca das 2 horas.
Hugo, de 26 anos, era amigo de Ilídio Correia, segurança morto a tiro na Rua de Miragaia, no Porto. Integrava um grupo de cinco pessoas que assistiram ao tiroteio. De acordo com a acusação, quando acompanhava os irmãos Correia, terá sido um dos alvos de disparos atribuídos a "Pidá" e outros arguidos, sem nunca ter sido atingido.