Desavenças relacionadas "com despejo de entulho" podem ter estado na origem dos disparos de caçadeira que, esta terça-feira, vitimaram a presidente da Junta de Freguesia de Segura, concelho de Idanha-a-Nova, e o marido, disse o presidente da Assembleia de Freguesia, José Lopes.
Corpo do artigo
A presidente da Junta, Lurdes Sobreiro, de 55 anos, e o marido, José Sobreiro, de 59, foram hoje assassinados a tiro, cerca das 10.30 horas, com o suspeito dos disparos - José Torres, empreiteiro de 62 anos - a entregar-se à GNR de Zebreira pouco depois.
José Torres, conhecido na aldeia como "Zé Manel das obras", já em setembro de 2011 agredira a autarca devido a desavenças relacionadas com uma festa local, disse à agência Lusa o presidente da Assembleia de Freguesia de Segura, José Lopes, cunhado das vítimas.
Na ocasião, José Torres terá provocado ferimentos ligeiros em Lurdes Sobreiro, ao atingi-la na cara com um livro de atas, acrescentou José Lopes, que descreve o suspeito dos disparos como alguém que "não gostava de ser corrigido e que se aborrecia com a presidente por esta o obrigar a cumprir a lei" no que respeita à deposição de entulho.
O presidente da Assembleia recordou um episódio em que o empreiteiro "despejou entulhos, há cerca de dois anos", e foi repreendido pela autarca. Desde então, os episódios sucederam-se, levando inclusivamente a processos em tribunal, ainda em curso, que opõem a Junta e José Torres.
O empreiteiro já teve de pagar multas, "algumas da ordem dos 25 mil euros", pela deposição de entulho em locais proibidos, "o que o deixava bastante aborrecido", disse, por seu turno, José Lopes Barata, cunhado do suspeito.
No dia 29 de maio, José Torres foi executado pela Autoridade Tributária, vendo penhorado um imóvel de que é proprietário em Sintra, por dívidas ao fisco, tal como refere o edital afixado numa das ruas de Segura.
Maria Emília Velhas, que reside a poucos metro da sede da Junta e terá sido uma das últimas pessoas a falar com o casal assassinado e com o suspeito da autoria dos disparos. Esteve na sede da autarquia minutos antes do crime para tratar de pormenores relativos a uma excursão a Fátima, agendada para o próximo domingo.
Horas antes tinha pedido a José Torres, que também conhecia, para "tirar umas medidas em casa, para lá fazer uma pequena obra".
Quando saiu das instalações, cruzou-se com outra vizinha, que viria a ser a única testemunha ocular do crime e que "saiu depois aos gritos, pedindo ajuda, porque havia ali pessoas mortas".
Na sede da Junta de Freguesia, onde ocorreu o duplo homicídio, encontrava-se também uma residente da localidade, para pagar a conta da eletricidade, sendo a única testemunha ocular do crime e que está a ser acompanhado por uma psicóloga do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
A Polícia Judiciária chegou ao local às 15.10, momento em que se iniciaram os procedimentos para retirar os corpos da sede da Junta de Freguesia.
O suspeito está detido no posto da GNR de Zebreira.
