Casos de ameaças levam MP a ordenar segurança para irmãos e amigos de Ilídio Correia.
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Algumas das testemunhas-chave do homicídio do segurança Ilídio Correia vão ter protecção policial. A determinação partiu ontem do Ministério Público, na sequência dos casos de ameaças e de fogo posto ocorridos na semana passada.
A medida de excepção abrange os irmãos e determinados amigos de Ilídio Correia, que acompanhavam a vítima na noite do tiroteio, em 29 de Novembro de 2007, na Rua de Miragaia (Porto), e identificaram perante as autoridades alguns dos principais arguidos, que continuam hoje a ser julgados no Palácio da Justiça.
Segundo o JN apurou, a decisão do Ministério Público (MP) foi sustentada por, pelo menos, duas situações registadas na semana passada e entendidas como formas de intimidação sobre testemunhas consideradas fulcrais. Os irmãos Correia receberam ameaças de morte através de mensagens de telemóvel, em que, entre outras coisas, era feita alusão ao caso de outro segurança abatido a tiro ("Berto Maluco"). Foi formalizada, de imediato, queixa na Polícia Judiciária.
Já um dos amigos do também designado grupo de Miragaia, igualmente notificado para prestar declarações em tribunal, viu os automóveis de dois familiares (mãe e irmão) incendiados à porta de casa, em Vila Nova de Gaia, quando se encontrava de férias no Algarve. Tudo aponta para fogos de origem criminosa.
Os episódios estão a gerar um clima de medo entre as testemunhas e as pessoas mais próximas, receando-se, no meio judicial, que possam, de alguma forma, condicionar os depoimentos. Recorde-se que, semanas antes de ter sido assassinado, o próprio Ilídio Correia recebeu mensagens ameaçadoras, onde era mencionada a morte a tiro de Aurélio Palha, empresário abatido à porta da discoteca Chic, em Agosto do mesmo ano.
Ao que o JN apurou, o MP determinou que a protecção policial, a cargo do Corpo de Segurança Pessoal da PSP, terá um carácter pontual, sendo reforçada nos dias em que as testemunhas forem convocadas para se deslocarem ao Palácio da Justiça.
O julgamento de Bruno "Pidá" e dos outros oito arguidos continua hoje com forte dispositivo policial - elementos do Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais e do Corpo de Intervenção da PSP - estando previsto o depoimento da mãe de Ilídio, que se constituiu assistente no processo. A sua audição esteve agendada para o passado dia 8, mas a sessão foi suspensa devido a uma crise de ansiedade que aquela testemunha sofreu horas antes.