O antigo ministro Armando Vara, que está a ser julgado no âmbito do processo "Face Oculta", disse, esta quarta-feira, dispor-se a "colaborar com o Tribunal para o apuramento da verdade" e desmontar "a nebulosa" criada à sua volta.
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"Eu venho colaborar com o Tribunal para o apuramento da verdade, sem nenhuma pretensão de convencer ninguém. Quero apenas colaborar no sítio próprio, para que a verdade venha ao de cima e é esse o meu objetivo", declarou aos jornalistas, antes de entrar para a sala de audiências, onde começou a prestar declarações às 10.25 horas desta manhã.
Questionado sobre se ia falar hoje da carta que terá recebido alertando-o para as escutas, respondeu que tal missiva faz parte "do folclore que rodeia o processo".
"Desde o princípio tem um objectivo: criar uma nebulosa à minha volta para que, na falta de provas indestrutíveis, houvesse pelo menos um ambiente que me colocasse no local do crime", disse.
Armando Vara afirmou aos jornalistas possuir "uma boa relação com Manuel Godinho [o principal arguido]", mas esclareceu que "não era pessoa que frequentasse a sua casa".
"Foi lá uma vez, na feira do fumeiro de Vinhais, levar aquilo que ficou conhecido como a prenda dos robalos", assegurou. "A acusção tem uma forte veia romancista", acrescentou.
Paulo Penedos, outro dos seis arguidos que se dispôs a falar ao Tribunal, deu conta aos jornalistas de que, se chegar a sua vez durante o dia de hoje, pedirá ao colectivo de juízes para adiar a sua audição, devido à ausência do seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, que hoje esteve impossibilitado de se deslocar a Aveiro.
O caso 'Face Oculta', que começou terça-feira a ser julgado no Tribunal de Aveiro, tem 36 arguidos (34 pessoas e duas empresas) e está relacionado com uma alegada rede de corrupção que tinha como objectivo o favorecimento de um grupo empresarial de Ovar ligado ao ramo das sucatas nos negócios com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas.