Os alunos das Belas Artes do Porto pintaram, esta quinta-feira, um mural frente às portas da faculdade, utilizando o graffiti como forma de mostrar desagrado com a falta de espaços e materiais de trabalho.
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"Financiem-nos", "Mais condições materiais" e "Mais espaços de pintura" eram algumas das frases que podiam ser lidas por quem passasse à porta da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) , numa ação de protesto que envolveu cerca de 40 estudantes dos cursos de pintura, escultura, design e multimédia.
"Este orçamento do Estado coloca um grande entrave na educação e vai trazer grandes repercussões à faculdade", explicou um membro da associação de estudantes da FBAUP, Válter Cabral, aos jornalistas.
Válter Cabral referiu a existência de "entraves" na mobilidade dos alunos com deficiências motoras, uma vez que "muitos espaços na faculdade, não têm elevador", explicando existir apenas dois pavilhões com esse acesso: "o Pavilhão Carlos Ramos e o Pavilhão Sul".
O membro da associação de estudantes destacou ainda que a falta de financiamento leva alguns alunos a escolherem, não os projetos "que lhes vão trazer mais benefícios para o futuro", mas sim aqueles para os quais "têm dinheiro para a compra dos materiais necessários".
Clara Silva, aluna do 3º ano de Design de Comunicação, considera que a FBAUP tem "falta de espaços de trabalho", restando-lhe as opções: "ou trabalhar no bar, com muito barulho, ou na biblioteca onde, não podendo haver barulho, não se pode fazer trabalhos de grupo".
A estudante de 19 anos, referiu ainda considerar "utópico" um possível alargamento dos "pavilhões para um terreno ao lado" da faculdade, ideia que disse ter sido sugerida pela direção quando confrontada com estes problemas.
A quantidade de materiais nas oficinas, como "rebarbadoras, máquinas de corte e de lixar", foi outro tema alvo de protesto. A aluna Eva Couteiro, do 2º ano de escultura, diz muitas vezes ser "necessário estarem à espera uns dos outros" para as utilizar.
Eva Couteiro defendeu que o ateliê e as oficinas devem estar abertos durante mais tempo: "se queremos vir trabalhar para a faculdade depois das 17:00 é-nos impossível, porque as oficinas fecham às 18:00 e às 17:30 têm de estar arrumadas".
Em declarações aos jornalistas, Francisco Laranjo, diretor da FBAUP, disse que os alunos "têm razões para protestar" e respondeu que as oficinas "têm horário até às 23 horas", sendo que algumas dependem de técnicos especializados e, não podendo contratar "mais", fecham "mais cedo".
O diretor da faculdade considera que a faculdade "tem falta de meios" e está numa "situação financeira complicadíssima".
Porém, diz terem "facilitado o pagamento parcelar" das propinas aos alunos, para que estes "não deixem de tirar o curso".