A Associação Portuguesa das Escolas de Condução considera "impossível" que um candidato a condutor consiga percorrer mil quilómetros antes de realizar o exame de condução. Em declarações à agência Lusa, o presidente da APEC, Alcino Cruz, manifestou-se contra a proposta do Governo, considerando que "não tem razão de ser".
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Alcino Cruz não concorda que os candidatos a condutores só possam realizar o exame de condução se tiverem percorrido mil quilómetros e completado um mínimo de 32 horas de condução. Para o responsável da associação, é "completamente absurdo" e "impossível", uma vez que as aulas de condução também são compostas por manobras e não apenas por "andar em estrada". "Quem pensou nisso não tem noção nenhuma do que é o ensino da condução", disse, criticando igualmente o ensino acompanhado por um tutor.
Com o novo regime, o aluno poderá ter as aulas de condução acompanhadas por um "tutor", que tem que estar "devidamente habilitado" e "autorizado" pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT). O ensino da condução acompanhado por tutor só pode iniciar-se após a aluno ter, pelo menos, 12 horas de prática de condução e 300 quilómetros percorridos na escola de condução onde está inscrito.
Para o presidente da APEC, o tutor não "tem os requisitos" para ser um instrutor. "Um instrutor está sujeito a um curso rigoroso no IMTT e o tutor não tem nada nisso", adiantou, sublinhando que esta "figura não existe em nenhum país do mundo".
Alcino Cruz lamentou ainda que a proposta do novo regime mantenha a cassação da licença do instrutor e do director da escola de condução, quando já tinha sido considerada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional.