O presidente da Câmara de Mondim de Basto reúne-se quarta-feira com o ministro da Administração Interna para avaliar as consequências e prejuízos do grande incêndio que afetou o concelho e que destruiu três mil hectares de floresta.
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O socialista Humberto Cerqueira solicitou uma audiência de urgência com o ministro para saber "exatamente quais os mecanismos de apoio" que poderão ser disponibilizados às populações afetadas pelo fogo.
Durante quatro dias, um incêndio queimou uma vasta área de mato e pinhal no concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila Real, pintando a paisagem de negro e afetando a produção de madeira, bem como outras atividades ligadas à floresta como a resina, a cinegética e a apicultura.
Em causa poderão estar, segundo o autarca, também postos de trabalho ligados a esta área. O autarca estima que tenham sido queimados cerca de três mil hectares só de floresta. Mas, segundo acrescentou, muita da área ardida servia também de sustento para muitas famílias que usavam esse espaço para o pastoreio.
"Nós temos cerca de 100 rebanhos no concelho e há uma área muito grande que está queimada e, neste momento, há muitos rebanhos que não têm qualquer alimento e os produtores pecuários têm que comprar a comida", referiu.
Para além disso arderam ainda "culturas agrícolas, redes de abastecimento de água, infraestruturas de telecomunicações e energia".
"Portanto, há um conjunto de prejuízos que têm que ser quantificados, mas também tem que haver da parte do Governo a disponibilidade para poder apoiar essas populações", salientou.
Humberto Cerqueira disse que a câmara está disponível ajudar em pequenas situações, mas, acrescentou, há um conjunto de situações para as quais o município "não tem mecanismos e disponibilidade financeira".
"Por isso mesmo é que nós queremos envolver o Governo neste processo que está a decorrer da avaliação dos prejuízos", sublinhou.
Este incêndio deflagrou terça-feira, em Fervença, em pleno Parque Natural do Alvão, alastrando-se depois a muitas outras aldeias, tendo, inclusive, queimado uma casa, desalojando uma família de quatro pessoas.
No combate às chamas chegaram a estar cerca de 300 operacionais, entre bombeiros provenientes de todo o país, militares da GNR ou do exército, ainda 100 veículos e três meios aéreos.
O vereador do CDS-PP, Lúcio Machado, anunciou a intenção de propor, em reunião de câmara a realizar terça-feira, que seja declarado o "estado de calamidade pública" no concelho o que, na sua opinião, "não podendo fazer esquecer o terrível impacto dos incêndio pode, no entanto, ajudar a minimizar os danos causados e facilitar a recuperação ambiental e económica".
O presidente da autarquia referiu que este assunto não vai a reunião de câmara porque já chegou depois da ordem de trabalho e salientou ainda que esta questão terá que ser primeiro "devidamente articulada com o Governo".
O distrito de Vila Real foi muito afetado pelos fogos nas últimas semanas. Segundo dados da GNR, só no mês de agosto foram registados 500 alertas de incêndio, mais do dobro do verificado em igual período do ano passado.
Desde o início no ano e até final de agosto, foram contabilizados cerca de mil alertas de fogo. Em 2012, esse número rondava os 1600.
Apesar de ainda não estar totalmente contabilizada, estima-se que a área ardida seja já muito superior comparativamente com o ano passado.