O Instituto para as Obras Religiosas, ou banco do Vaticano, decidiu fechar 900 contas, incluindo as das embaixadas do Irão, Iraque e Indonésia, devido a "suspeitas de branqueamento de dinheiro sujo e mesmo financiamento do terrorismo".
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De acordo com jornal italiano "Corriere della Sera", o Instituto para as Obras Religiosas (IOR) enviou, na segunda-feira, cartas a 900 clientes a pedir para fecharem as respetivas contas, devido a "suspeitas de branqueamento de dinheiro sujo e mesmo financiamento do terrorismo".
"Estes clientes não passaram na série de controlos criada, em maio, pela sociedade de consultadoria Promontory, líder mundial antibranqueamento", refere o jornal italiano.
Questionado pela agência noticiosa francesa AFP, o porta-voz do IOR "não confirmou, nem desmentiu" o número de contas noticiado, sublinhando que o pedido de encerramento das contas não estava forçosamente relacionado com uma suspeita de atividades criminosas.
"Desde maio, que estamos a controlar a identidade de todos os nossos clientes para verificar que corresponde aos critérios em vigor para deter uma conta no IOR", explicou.
Este controlo permitiu detetar pessoas que já não estavam autorizadas a ser clientes do banco do Vaticano, como, por exemplo, antigos embaixadores junto da Santa Sé atualmente reformados.
Ao mesmo tempo, no âmbito da luta contra o branqueamento, o IOR está a controlar "as transações efetuadas nas contas e a verificar se são compatíveis com o rendimento do titular (...) Neste caso, o encerramento da conta é motivado por um suspeita de atividade ilegal", acrescentou.
De acordo com o "Corriere della Sera", o IOR decidiu fechar as contas das missões diplomáticas do Irão, Iraque e Indonésia, depois de ter verificado a ocorrência "de depósitos e levantamentos de grandes somas em dinheiro vivo".
A Autoridade de Informação Financeira (AIF), um organismo que supervisiona as operações financeiras do Vaticano, considerou que as justificações apresentadas por aquelas embaixadas, em relação às transações duvidosas, datadas de 2011, eram "demasiado fracas e desproporcionadas relativamente aos valores em jogo, até 500 mil euros num único movimento", acrescentou o jornal.
O porta-voz do IOR escusou-se a confirmar qualquer informação relativa aos clientes do banco.
O banco do Vaticano gere perto de 18900 contas (6,3 mil milhões de euros em ativos), que pertencem sobretudo religiosos ou laicos que trabalham no Vaticano, e a diplomatas acreditados junto da Santa Sé.
No final de junho, o Papa Francisco criou uma comissão para inspecionar o IOR e propor uma reforma.
De acordo com o site oficial do IOR, que anunciou esta terça-feira, um resultado líquido, em 2012, de 86,6 milhões de euros, a operação de análise das contas deverá terminar até ao final do ano.