O Bloco de Esquerda antecipou, esta quarta-feira, um ano lectivo 2011/2012 "negro", resumindo a política de Educação do Governo aos cortes, que afectam professores, a qualidade do ensino e o sucesso educativo.
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"As perspectivas para o ano lectivo 2011/2012 são negras", afirmou a deputada do BE Ana Drago, numa declaração política na Assembleia da República.
Numa intervenção muito crítica, a deputada do BE considerou que a política para a Educação do Governo PSD/CDS-PP resume-se à palavra "cortes", que vão desde a redução do número de professores, ao corte de 500 milhões de euros no orçamento para 2012, à diminuição dos apoios à promoção do sucesso educativo e "cortes na qualidade".
"Pela mão de um ministro que se anunciou como paladino do combate ao facilitismo, é o facilitismo de cada uma das medidas já anunciadas que impressiona", argumentou, acusando o actual Governo de "cortar no essencial".
Assim, continuou, "num país em crise, as escolas terão menos meios, menos recursos, menos professores para responder ao impacto que a crise terá na vida das famílias e, portanto, na vivência escolar e educativa dos alunos".
Ana Drago deixou ainda uma palavra sobre a questão da avaliação dos professores, que está a ser negociada entre o ministério e os sindicatos, lembrando que, quando estava na oposição, o PSD era contra as quotas nas classificações, medida agora defendida pelo ministro Nuno Crato.
"O sistema educativo viveu nas últimas legislaturas tempos de agitação e instabilidade, merecia agora confiança e investimento. Não é essa a vontade política do Governo. A frase não é nova, mas parece ter sido feita à medida, para avisar a maioria de direita: se pensam que a Educação custa caro, experimentem a ignorância", declarou a deputada do BE.
Na resposta à intervenção da deputada do BE, as bancadas do PSD e do CDS-PP saíram em defesa do executivo, com o deputado social-democrata Emídio Guerreiro a garantir que em relação à forma como irá arrancar o novo ano letivo "os indicadores são muito bons".
Pelo CDS-PP, o deputado Michael Seufert recordou ainda que medidas como o encerramento de escolas, a negociação da avaliação de desempenho dos professores e o aumento do peso curricular da matemática e do português eram medidas que estavam inscritas no programa eleitoral dos democratas-cristãos.
"Teria preferido que tivéssemos virado o prego às promessas eleitorais", questionou Michael Seufert, dirigindo-se à deputada do BE.
A bancada do PS, pela deputada Odete João, juntou-se às críticas deixadas pelas bancadas mais à esquerda, falando também em "cortes cegos" e assinalando a "contradição" entre o que PSD e CDS-PP diziam quando estavam na oposição e aquilo que defendem no Governo.
Também numa declaração política no plenário da Assembleia da República, o deputado do PCP Agostinho Lopes falou ainda da crise que se vive na região do Douro, com muitos vitivinicultores em situação de "ameaça de falência".