O conselheiro das comunidades de França Paulo Marques considerou "dramático" o encerramento da fábrica Peugeot Citroen em Aulnay-sous-Bois, anunciado, esta quinta-feira, pelo construtor automóvel francês, onde trabalham cerca de 300 portugueses e lusodescendentes.
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"É dramático para os funcionários em geral e para os portugueses que lá trabalham, alguns há quatro décadas", disse à agência Lusa, por telefone, Paulo Marques, que preside também à Associação Cultural Portuguesa de Aulnay-sous-Bois, onde foi conselheiro municipal durante 16 anos.
Paulo Marques mostrou-se preocupado com as "dificuldades sociais e económicas" que os trabalhadores dispensados da fábrica poderão vir a enfrentar, considerando que importa agora "perceber que apoio pode ser dado à comunidade".
"A grande maioria dos trabalhadores está na Peugeot Citroen há mais de duas décadas. São nascidos em França e terão apoios sociais, mas o presidente da câmara já disse que será difícil atender a todos os dramas que possam acontecer", acrescentou.
O membro do Conselho das Comunidades Portuguesa (CCP) lembrou que a possibilidade de encerramento da fábrica da Peugeot Citroen já era conhecida há algum tempo. Por isso, explicou Paulo Marques, a associação portuguesa criou há cerca de um ano um polo de ação social com o "objetivo de promover a reflexão sobre os apoios à comunidade".
"Depois de um ano, decidiu-se que este polo de reflexão solidária - que conta entre os seus membros trabalhadores da fábrica a encerrar - teria como vertentes a informação sobre direitos e formação para que possam fazer a reconversão profissional", disse.
Paulo Marques adiantou ainda que a Associação Cultural Portuguesa deverá promover em 2013 a ligação entre a câmara de Aulnay-sous-Bois e o consulado-geral de Portugal em Paris para orientar os pedidos de apoio dos trabalhadores afetados.
A Peugeot Citroen anunciou, esta quinta-feira, que vai cortar 8 mil postos de trabalho em França devido a uma quebra acentuada no mercado automóvel europeu que originou perdas no primeiro semestre do ano, apesar de não ter especificado o seu valor.
O maior fabricante de automóveis de França e o segundo da Europa, depois do alemão Volkswagen, disse esperar que o mercado europeu registe este ano uma quebra de oito por cento e que o seu negócio caia consequentemente 10%, salientando necessitar de se ajustar a esta realidade perante perspetivas de agravamento da situação.
A empresa adiantou que vai fechar em 2014 a fábrica de Aulnay, perto de Paris, onde trabalham mais de 3000 pessoas, incluindo 300 portugueses ou lusodescendentes, segundo estimativas do embaixador de Portugal em Paris, Francisco Seixas da Costa.